O homem que tomou as rédeas dos trabalhos no II Concílio do Vaticano, depois da morte de João XXIII, tinha o desejo de uma Igreja modernizada e dialogante com o mundo. Recordo que o novo beato da Igreja ? Paulo VI foi beatificado a 19 do outubro de 2014 ? quando foi eleito pelos seus pares não quis chamar-se Pio nem João, mas Paulo, o grande apóstolo evangelizador e missionário.
O homem que tomou as rédeas dos trabalhos no II Concílio do Vaticano, depois da morte de João XXIII, tinha o desejo de uma Igreja modernizada e dialogante com o mundo. Recordo que o novo beato da Igreja – Paulo VI foi beatificado a 19 do outubro de 2014 – quando foi eleito pelos seus pares não quis chamar-se Pio nem João, mas Paulo, o grande apóstolo evangelizador e missionário.
No seu pontificado, Paulo VI teve atitudes marcantes. Uma delas, que ficou na história, foi ter recebido dos seus irmãos (cristãos) milaneses a tiara que, posteriormente, colocou em leilão e o fruto da venda reverteu para os pobres. Um gesto que mostra o seu sentir perante “aquele emblema de um poder e de um fasto temporal que a Igreja já não reconhece. Ele considera importante, para fins pastorais, chamar a atenção da opinião pública que alardeia acerca das fantasiosas riquezas da Igreja: «A Igreja deve ser pobre; e não só; a Igreja deve aparecer pobre» diz em 1970”. (In: «Paulo VI – Biografia», Giselda Adornato, Lisboa, Paulus Editora).
Pouco tempo após a sua eleição, o Papa Montini esclareceu que «aggiornamento» “não significava uma derivação para o ativismo e o pragmatismo, em detrimento da vida interior e da contemplação”. (In: «Os Papas do século XX», D. Manuel Clemente, Lisboa, Paulus Editora).
O estudo da essencialidade e da prática da caridade são duas constantes da vida pessoal do papa italiano. No primeiro aniversário da sua eleição, enquanto a televisão transmite peças sobre ele, vai servir o almoço no hospício de São Pedro: um pequeno gesto marcante. Tal como as celebrações da missa natalícia, primeiro na Catedral de Florença, que sofreu uma inundação em 1966, e outra vez entre os operários numa galeria ferroviária no Monte Soratte, perto de Roma (1972), respondem a uma exigência íntima: «O coração do Papa é como um sismógrafo que regista as calamidades do mundo; com todos e para todos quando sofre” (In: «Paulo VI – Biografia», Giselda Adornato, Lisboa, Paulus Editora).
Paulo VI podia ter o cognome do Papa do diálogo porque tal corresponde à orientação profunda do seu espírito com os mais diversos sectores, dentro e fora da Igreja. A 06 de agosto de 1964, assinou a encíclica «Ecclesiam Suam», apresentação e chave do seu pontificado: a verdade da Igreja, que “a define e posiciona para o diálogo interno e externo, em círculos concêntricos cada vez mais alargados” (In: «Os Papas do século XX», D. Manuel Clemente, Lisboa, Paulus Editora).
O novo beato da Igreja revelou-se bastante ativo e exigente na redação dos documentos conciliares. Em certo dia, em confidência com Jean Guitton pronunciou estas palavras: “O Papa tem, também, necessidade de conforto”. Estas palavras demonstram a ternura do seu coração porque, em determinadas situações, sentia-se combatido. Paulo VI era inteligente, culto e aberto, mas estava entre dois fogos: modernismo e conservadorismo.
LFS