II Concílio do Vaticano: O barulho dos carrosséis e o cheiro a sardinha assada

Correspondendo a um desejo expressamente manifestado pelos teólogos diretores e redatores foi criado, em Portugal, um grupo com a missão de assegurar a ligação com a direção central e com os assinantes da edição portuguesa. Nasceram assim os «amigos da Concilium», um grupo de pessoas convidadas individualmente pelos editores – onze padres ou religiosos e oito leigos – que se reuniram pela primeira vez a 31 de março de 1965.

Em janeiro de 1965 teve início a publicação, em Portugal, da revista «Concilium». Um marco importante na história da Editora Moraes e na evolução dos católicos que depositavam entusiasmos e esperanças nas movimentações conciliares (1962-1965). A assembleia magna convocada pelo Papa João XXIII e continuada pelo seu sucessor foi uma autêntica primavera no seio da Igreja.

Correspondendo a um desejo expressamente manifestado pelos teólogos diretores e redatores foi criado, em Portugal, um grupo com a missão de assegurar a ligação com a direção central e com os assinantes da edição portuguesa. Nasceram assim os «amigos da Concilium», um grupo de pessoas convidadas individualmente pelos editores – onze padres ou religiosos e oito leigos – que se reuniram pela primeira vez a 31 de março de 1965.

O grupo dos «amigos» era composto pelo padre José Felicidade Alves, Manuel bagulho, padre Fernando Belo, frei Bento Domingues, padre Armindo Duarte, cónego Manuel Falcão, Castro Fernandes, Joana Lopes, padre Madureira, José Domingos Morais, Margarida Morais, frei Raimundo de Oliveira, padre Pedro Pelletier, frei Mateus Cardoso Peres, padre Honorato Rosa, padre António Serrão, Alberto Vaz da Silva, Helena Vaz da Silva e Joana Veloso (In: Joana Lopes; «A aventura da Moraes»; Lisboa; Centro Nacional de Cultura; página 83).

Nessa reunião teceram-se muitas críticas aos primeiros três números da revista «Concilium». Os participantes insistiram, principalmente, na “complexidade revelada no tratamento dos problemas”, a qual, alegadamente, os tornaria “inacessíveis e estranhos para a maioria dos leitores”. Declarou-se ser desejável que os artigos se apresentassem “não só com o mínimo possível de terminologia técnica e de citações em latim, como com uma forma menos estática, menos essencialista” (In: Joana Lopes; «A aventura da Moraes»; Lisboa; Centro Nacional de Cultura; página 83).

No encontro, os «amigos» dialogaram também sobre as várias formas possíveis de ligação com os assinantes em Portugal – colóquios, grupos de estudo, inquéritos -, tendo-se decidido dar prioridade à primeira modalidade. O primeiro colóquio realizou-se no mês de maio seguinte e teve como tema «A constituição dogmática da Igreja».

Existem “muitos documentos” relacionados com a preparação dos colóquios. Uma das intervenientes dessas reuniões, Joana Lopes, realça que se fizeram “longuíssimos serões de discussão”, na sede da Moraes Editora, “muitas vezes acompanhados pelo barulho dos carrosséis e pelo cheiro a sardinha assada da vizinha Feira Popular”. (Obra citada na pág. 85)

LFS

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