II Concílio do Vaticano: Missionar para além dos territórios geográficos

Se nos séculos passados as missões desempenharam um papel essencial na evangelização dos povos e na divulgação do Evangelho, hoje, em pleno século XXI os missionários devem ser os verdadeiros protagonistas neste mundo global.

A celebração, no próximo domingo, da jornada missionária leva-nos a olhar para o II Concílio do Vaticano (1962-65) e para os documentos anteriores a esta assembleia magna realizada na Basílica de São Pedro (Vaticano). Como preparação do «Ad Gentes» do II Concílio do Vaticano já tinham aparecido importantes documentos sobre a «Res Missionaria», entre eles as encíclicas de Pio XI «Rerum Ecclesiae» (1926); de Pio XII a «Evangelii Praecones» (1951) e a «Fidei Donum» (1957); de João XXIII a «Princeps Pastorum» (1959), todas elas citadas no «Ad Gentes». Após aquela assembleia convocada pelo Papa João XXIII, a «Evangelii Nuntiandi» (1975) de Paulo VI e a «Redemptoris Missio» (1990) de João Paulo II deixaram também as suas marcas no seio da Igreja.

Na época dos descobrimentos, onde os portugueses tiveram um papel fulcral, abriram-se novos mundos ao mundo e a atividade missionária foi intensa, levada a cabo pelas diversas igrejas cristãs que se implantaram em diversas partes de África, Ásia, Oceânia e América. Papel relevante tiveram as famílias religiosas já existentes e outras que nasceram como foi o caso da Companhia de Jesus que se virou mais para o Oriente e para a América Latina. Nesta primeira globalização, “os poderes políticos e eclesiásticos atuavam fortemente ligados do que resultou a criação dos padroados de Portugal e Espanha, subordinados às duas coroas” (In: Manuel Augusto Rodrigues; «Correio de Coimbra» 17 de outubro de 2013).

Com o aparecimento da congregação «De Propaganda Fide», em 1622 (hoje Congregação para a Evangelização dos Povos com várias obras pontifícias a ela agregadas) constituiu a primeira afirmação do poder papal.

Se nos séculos passados as missões desempenharam um papel essencial na evangelização dos povos e na divulgação do Evangelho, hoje, em pleno século XXI os missionários devem ser os verdadeiros protagonistas neste mundo global. Como realça o Papa Francisco, “a fé é um dom precioso de Deus que abre a nossa mente a fim de o podermos conhecer e amar”. A fé exige que “seja ouvida e que se lhe dê resposta, é um dom que não se guarda individualmente mas deve ser partilhado”. Caso contrário, “os cristãos tornam-se isolados, estéreis e doentes”, lamentou o papa argentino.

A missionação não é apenas questão de territórios geográficos, mas de povos, de culturas e de pessoas singulares, porque os «confins» da fé não atravessam só lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e de cada mulher.

LFS

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