Igrejas de «portas abertas» são prioridade

Presidente da Comissão Episcopal responsável pelos Bens Culturais deixa apelos em encontro de reitores dos Santuários

Fátima, Santarém, 14 jan 2014 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal que acompanha o setor dos Bens Culturais disse hoje em Fátima que uma das prioridades nesta área passa por ter “igrejas de portas abertas”.

D. Pio Alves, administrador apostólico do Porto, manifestou-se contra o “espetáculo triste” das igrejas fechadas, intervindo durante o VIII Encontro dos Reitores dos Santuários, inclui este ano uma ação de formação dedicada ao tema ‘Como Visitar uma Igreja: Interpretar e Comunicar o Património Religioso’.

O prelado admite que a decisão de fechar portas pode ter “justificações variadas”, como os roubos, mas pediu que todos os responsáveis se empenhem para promover respeito pelo “excecional património” que foi recebido pelas comunidades católicas.

“Ter as portas sistematicamente fechadas” dá a imagem de que “algo não está a correr bem”, advertiu.

“Tenho consciência de que ter uma igreja aberta implica compromissos e tem custos, financeiros também”, acrescentou D. Pio Alves, para quem é necessário promover uma “hierarquia de valores” que ajude a resolver esta questão.

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais recordou, por exemplo que nas cidades existem os “tempos mortos da hora do almoço” que poderiam ser potenciados, nas igrejas, para quem queira rezar.

Também os públicos “distraídos ou assumidamente não crente” podem ser chamados pela “qualidade artística” dos espaços a “encontrarem-se com a catequese cristã” que ali está espelhada.

“Ter a porta aberta não é o único passo, mas é o primeiro”, insistiu D. Pio Alves.

O responsável apelou a um investimento na formação “específica” para guias, sobre cada espaço, sem recorrer apenas ao voluntariado para estas funções ou as de “vigilâncias”.

“Temos de saber decidir onde gastar o pouco que temos”, prosseguiu.

O administrador apostólico da Diocese do Porto aludiu a experiências de valorização das igrejas como a criação de roteiros com bilhetes comuns para vários templos ou de uma uma “área fechada”, à entrada, que permita uma visão “sumária” sobre a igreja sem perturbar quem lá se encontra para celebrar ou rezar.

D. Pio Alves mostrou-se contrário à ideia de cobrar entradas nas igrejas e pediu “outras soluções”, sobretudo quando é difícil distinguir entre a visita e a entrada por razões “devocionais”.

A valorização pode passar ainda por “visitas guiadas aos habituais frequentadores” e às crianças da catequese, porque as igrejas são “espaços catequéticos” que as pessoas “deixaram de saber ler”.

Teresa Ferreira, do Turismo de Portugal, disse por sua vez que o país é um “destino competitivo”, frisando que “os recursos de temática religiosa atraem já muitos visitantes”

A responsável adiantou que estão a ser desenvolvidos roteiros turísticos dedicados aos caminhos marianos e aos caminhos de Santiago, numa parceria entre a Conferência Episcopal Portuguesa e o Turismo de Portugal, que inclui a publicação de um “Guia de Boas Práticas de Interpretação do Património Religioso”.

Sandra Costa Saldanha, diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, apelou à “potenciação de recursos” e ao “entendimento entre instituições” para a valorização do património.

OC

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