Igreja: Surgimento de novas vocações depende de uma fé «formada e constantemente alimentada»

Desafios e perspetivas para uma maior adesão à vida consagrada estiveram em debate num fórum nacional em Fátima

Lisboa, 29 out 2012 (Ecclesia) – O secretário da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios (CEVM) diz que a falta de candidatos à vida consagrada é um sinal de que a Igreja precisa de reforçar a sua ação evangelizadora junto das comunidades. 

Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, o padre Emanuel Silva sublinha que o empenho dos agentes pastorais na “perceção dos aspetos sociais, religiosos, psicológicos” que estão por trás da escassez de vocações, “tem feito, algumas vezes, esquecer” aquilo que é “o grande fundamento” de tudo: “a fé em Deus”. 

“Na origem do ser Igreja está uma experiência de fé. Tem de ser formada e, constantemente, alimentada. Sem isso ninguém entenderá o que é que a Igreja quer quando pede às pessoas para rezarem pelas vocações”, sustenta o sacerdote. 

Para aquele responsável, a implementação de uma “cultura vocacional” implica uma “mudança de paradigma” pastoral, que acompanhe as alterações verificadas na sociedade, ao nível da “família” e da própria “experiência religiosa”, e ajude a revitalizar a “qualidade da vida cristã”. 

Sem essa “rutura”, a Igreja “corre o risco de continuar voltada para os tempos em que, nas instituições e nas pessoas, tinha uma ótima e imensa imagem pública, com imensas vocações”, alerta. 

A relação entre “Fé e Cultura Vocacional” como ponto de partida para uma nova dinâmica na pastoral das vocações foi o tema central de um fórum nacional que decorreu em Fátima, entre 26 e 26 de outubro, e que juntou cerca de uma centena de agentes do setor, entre sacerdotes, religiosos e leigos. 

De acordo com o padre Emanuel Silva, é preciso implementar junto das paróquias “uma nova visão” do cristianismo, com uma vitalidade semelhante àquela que existia no tempo das primeiras comunidades. 

“É tempo de olhar para o batismo como uma vida de fé que se inicia; de fazer uma catequese que não se resume ou equipara apenas aos anos escolares; de dinamizar os sacramentos para que, por exemplo, o crisma não seja a pré-reforma da participação na Igreja; de olhar para as vocações de consagração como surgindo do chamamento de Deus e da comunidade que vive a sua fé”, exemplifica o sacerdote. 

A aproximação às famílias, “Igreja doméstica”, é vista como fundamental, porque elas são o ponto de partida para qualquer experiência cristã. 

“Na realidade”, acrescenta o mesmo responsável, “vivem-se na família quatro experiências, paternidade, filiação, fraternidade e nupcialidade” que constituem a vida da Igreja: experiência de Deus como Pai, de Cristo como irmão, de filhos em Jesus Cristo, de Cristo como esposo da Igreja”. 

JCP

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