Sérgio Canas foi das primeiras crianças do Centro de Acolhimento Temporário Nossa Senhora do Amparo, a cumprir 25 anos
Lisboa, 06 mar 2015 (Ecclesia) – A experiência de crescer no Centro de Acolhimento Temporário Nossa Senhora do Amparo, da Cáritas de Setúbal, marcou a vida de Sérgio Canas, hoje com 33 anos, que ali encontrou ajuda para superar as dificuldades da infância.
“Ao todo éramos nove irmãos, só foram os seis mais novos”, explica o jovem à Agência ECCLESIA, salientando que na base desta situação esteve o facto de os seus pais não terem condições para cuidar de todos da melhor forma.
“Perderam a casa que tinham mas viram-se com trabalho os dois, sem condições para nós, que eles trabalhavam os dois numa pensão. Depois houve ali uma situação em que a gente chegou a dormir numa estação de Santa Apolónia e foi aí que fomos visados, durante a noite”, complementa.
Nessa mesma noite, há 25 anos, na sequência de alguns contactos com a Santa Casa da Misericórdia e com a Cáritas Diocesana de Setúbal, Sérgio Canas, na altura com oito anos de idade, foi dormir numa casa para crianças em risco, situada no Bairro da Bela Vista.
A estrutura, hoje com o nome “Centro de Acolhimento Temporário Nossa Senhora do Amparo” (CAT), estava a dar os primeiros passos e teve no jovem, e em mais cinco irmãos, os seus primeiros utentes.
“Ao princípio não falava com ninguém, isolei-me no meu canto e fiquei no meu canto. Isso automaticamente deve dar a entender que foi chocante”, admite Sérgio Canas, que realça no entanto o papel que a equipa do CAT de Setúbal teve na sua vida.
“As pessoas são impecáveis, têm um coração enorme. Sei que aquela base que me deram e os princípios que me deram ali foram fundamentais para todo o resto”, salienta.
Segundo Conceição Fonseca, uma das responsáveis do centro, o primeiro objetivo que a instituição tem é atender as carências das crianças, de acordo com as “histórias de vida que elas carregam”.
Além dos casos provenientes de famílias mais desfavorecidas, a instituição recebe crianças vítimas de abandono, maus-tratos, com pais que caíram na toxicodependência ou no alcoolismo, por exemplo.
O segundo passo é “elaborar um projeto de vida” para cada criança, de modo a que os mais novos regressem o mais rápido possível à sociedade, primeiro à família de origem e, caso isso não seja possível, através de uma família adotiva.
“Este é um centro temporário, eles deveriam estar aqui de seis meses a um ano, e começamos logo a perspetivar isso”, frisa a assistente social.
355 crianças passaram pelo CAT ligado à Cáritas Diocesana de Setúbal em 25 anos e a maior parte foi depois reintegrada na família de origem, quando estavam garantidas todas as condições nesse sentido.
A história de Sérgio Canas e o trabalho realizado pelo Centro de Acolhimento Temporário Nossa Senhora do Amparo vai ser um dos temas em destaque no programa ‘70×7’ deste domingo.
A emissão, inserida no Dia Nacional Cáritas, tem início marcado para as 11h30, na RTP2.
JCP