Shannon Pfohman alinham no otimismo da Santa Sé por um Pacto Global para Migração da ONU
Lisboa, 03 dez 2018 (Ecclesia) – A diretora de Política e Advocacy da Cáritas Europa disse que “todos têm direito de escolher” se querem emigrar ou ficar nos seus países, considerando “realmente importante” o Pacto Global para Migração, da ONU.
“Estamos muito contentes com o resultado que foi conseguido até agora com tantos países juntos”, afirmou Shannon Pfohman em entrevista à Cáritas Portuguesa, enviada à Agência ECCLESIA.
O Pacto Global para a Migração vai ser assinado na Conferência das Nações Unidas que decorre a 10 e 11 de dezembro, em Marraquexe, Marrocos.
A diretora de Política e Advocacy da Cáritas Europa destacou que os países colocaram “os direitos individuais e a proteção dos migrantes” em cima da mesa e discutem soluções para “reconhecer a mobilização dos migrantes, como um caminho para o futuro”.
O acordo não é vinculativo para os Estados, mas estabelece compromissos que foram trabalhados e para os quais a Comunidade internacional chegou a consenso, ao longo dos últimos dois anos.
A Cáritas considera “preocupante” que alguns países não queiram assinar o Pacto Global para a Migração – Estados Unidos da América, a Austrália e na Europa: República Checa, Eslováquia, Hungria, Itália, Áustria, Bulgária, Croácia, Polónia e Suíça.
“Acreditamos que as pessoas devem ter garantias do seu desenvolvimento humano integral e este pacto contribui para isso”, referiu Shannon Pfohman, realçando que é necessário saber porque é que esses Estados “não põem a pessoa em primeiro lugar”.
A diretora de Política e Advocacy da Cáritas Europa, na sua passagem por Portugal, realçou que para a organização católica “é vital” que a União Europeia e os Estados-membros contribuam para a “ajuda ao desenvolvimento”.
“Somos contra políticas que questionem se as pessoas têm o direito a migrar. Acreditamos que todos têm esse direito se o escolherem. As pessoas também têm o direito de ficar nos seus países se o escolherem”, destacou Shannon Pfohman.
A entrevistada realçou que a ajuda ao desenvolvimento “é vital” para que as pessoas fiquem nos seus países, que “vão à escola se quiserem, tenham uma educação, cresçam no autodesenvolvimento, aumentem as suas habilidades”, tenham trabalho, mas implica que os países tenham infraestruturas.
A diretora de Política e Advocacy da Cáritas Europa esteve na Conferência ‘Construir uma Europa Social’, realizada pelo primeiro aniversário da adoção do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, nos dias 29 e 30 de novembro, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
Em Marraquexe vão estar 500 organizações da sociedade civil de todo o mundo, bem como uma representação da Santa Sé que “trabalhou muito para o desenvolvimento do Pacto Global para Migração”.
“Estamos felizes por ver que o Pacto Global para Migração se baseia no desejo de promover o diálogo e a cultura do encontro, não obstante o medo tenha as suas razões”, disse o subsecretário da Secção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, em Roma.
O padre Michael Czerny assinalou que a “Santa Sé está otimista”, sublinhando que “é preciso dar uma resposta em cada país”.
“Não é uma questão de quem assina ou não, mas de trabalhar juntos. Aos poucos, penso que teremos uma resposta mais humana e decente em todos os lugares”, acrescentou o sacerdote checo.
CB/OC