Igreja/Sociedade: «Retomemos as intenções dos autores do ‘25 de Abril’», pedem os bispos portugueses

Conferência Episcopal lembra que «democratização do país, fim da guerra e desenvolvimento geral» são intenções que «continuam a reclamar nos dias de hoje»

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Fátima, 11 abr 2024 (Ecclesia) – Os bispos católicos portugueses aprovaram uma Nota Pastoral na comemoração dos cinquenta anos do “25 de Abril”, onde reconhecem “tudo quanto se conseguiu de positivo no Portugal democrático” e alertam para intenções que “continuam a reclamar nos dias de hoje”.

“Passado meio século, podemos e devemos reconhecer tudo quanto se conseguiu de positivo no Portugal democrático, a começar pela liberdade política, o fim da guerra em África e a dedicação cívica de tantos, das autarquias ao Estado, da vida nacional à integração europeia”, lê-se na nova nota pastoral, enviada à Agência ECCLESIA.

O documento, publicado nas vésperas da comemoração dos cinquenta anos do “25 de Abril”, acrescenta que estabilizada a situação no novo quadro constitucional, “muito se conseguiu para responder a várias necessidades da altura ou depois surgidas”, assinalando a “muita participação” também por parte de católicos politicamente comprometidos e de instituições de solidariedade social ligadas à Igreja”.

“Este mesmo impulso solidário, que ganhámos em cinquenta anos de vida democrática, é o que nos levará a todos, cidadãos dum país entretanto enriquecido com populações advindas doutros espaços e culturas, a atingir novas metas nos campos da família, da habitação e do trabalho, da educação e da saúde e de tudo o que garanta uma vida digna a quantos somos hoje e seremos amanhã. Vida devidamente respeitada e acompanhada em todas as suas fases e circunstâncias, da conceção à morte natural”, desenvolve.

Os bispos católicos de Portugal estiveram reunidos, desde segunda-feira, dia 8, na 209.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que terminou, esta quinta-feira, em Fátima, e aprovaram uma nota pastoral de congratulação sobre os 50 anos da Revolução do 25 de Abril.

“Retomemos as intenções dos autores do “25 de Abril”, no sentido da democratização do país, do fim da guerra e do desenvolvimento geral. Intenções que nos continuam a reclamar nos dias de hoje.”

Os bispos refletem sobre a democracia, a paz, e o desenvolvimento, afirmando que os quatro princípios permanentes da Doutrina Social da Igreja (DSI) – ‘dignidade da pessoa humana’, ‘bem comum’, ‘subsidiariedade’ e ‘solidariedade’ – “levarão a prosseguir na senda então aberta”.

Sobre a democracia, a 209.ª Assembleia Plenária considera “necessário” que ela conte “com a liberdade e a responsabilidade dos cidadãos”, devidamente respeitados e estimulados para o incremento do bem comum, lembrando quanto à paz, que “é fruto da justiça, dando a cada um o que é devido para viver e conviver dignamente”.

O desenvolvimento ativa-se em cada pessoa, “respeitada e atendida no que requer para ser livre, criativa e responsável nas diversas projeções do seu ser”, e essa finalidade do desenvolvimento de todos e de cada um “constitui o verdadeiro objetivo da ação política”, alertando que não se pode garantir “quando encubra ambições de entidades ou grupos, económicos ou ideológicos, nacionais ou internacionais”.

Os bispos começam a nova nota a explicar que na comemoração dos 50 anos da “Revolução de 25 de Abril de 1974”, para além da congratulação, também têm uma palavra de “reflexão e revisão do caminho percorrido pela sociedade”, e lembram duas cartas pastorais da CEP: a Carta Pastoral no décimo aniversário da “Pacem in Terris”, 4 de maio de 1973, e, a Carta Pastoral sobre o contributo dos cristãos para a vida social e política, no dia 16 de julho de 1974.

CB

Nota Pastoral na comemoração dos cinquenta anos do “25 de Abril”

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