Igreja/Sociedade: Patriarca pediu «sabedoria» da «inclusão» para Lisboa

D. Rui Valério abençoou a cidade com o Santo Lenho, no miradouro da igreja da Graça

Lisboa, 26 fev 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa presidiu este domingo à Procissão do Senhor dos Passos da Graça, na qual lembrou as guerras em curso e rezou pela “sabedoria” da “inclusão”, para a Igreja e a sociedade.

“Hoje, Senhor, fala-se muito de inclusão. E a nossa cidade, o nosso Patriarcado, precisa, mais do que nunca, dessa sabedoria. Porque somos uma comunidade constituída por pessoas oriundas de tantas proveniências, tão diferentes. E como Tu, também nós, Igreja, queremos estar com eles e entre eles”, disse D. Rui Valério, no final da cerimónia.

O patriarca de Lisboa que presidiu à celebração, que se realizou como habitualmente no domingo II da Quaresma, entre a igreja de São Roque e a igreja da Graça, aludiu a uma “maravilhosa experiência de celebração, de encontro, que foram os passos”.

“Como cristão que sou, como cristãos que somos, que nós sejamos no mundo a consumação de Deus, a consumação da salvação, a certeza presente consumada do seu amor por cada um. Conta connosco, Senhor! Conta com a nossa disponibilidade”, acrescentou, numa intervenção divulgada pelo Patriarcado de Lisboa.

A Procissão do Senhor dos Passos da Graça evoca a Paixão e Morte de Jesus Cristo, é a “mais emblemática e importante do período da Quaresma” na cidade de Lisboa, e é organizada pela Real Irmandade da Santa Cruz e Passos da Graça, ininterruptamente, desde 1587.

“Mais forte do que a morte é o amor. Tudo o que tu realizares, o que tu pensares, o que tu disseres que seja feito e inspirado, animado e realizado pelo amor, permanece pelos séculos. Hoje, pudemos repercorrer os passos do Senhor, que permanecem atuais. Hoje! Estes passos são de hoje! A hoje eles pertencem, porque são passos de amor”, desenvolveu D. Rui Valério, sobre a atualidade desta procissão, falando na igreja da Graça.

O patriarca de Lisboa abençoou a cidade com o Santo Lenho, no miradouro da igreja da Graça, no final da procissão onde participaram o núncio apostólico em Portugal, D. Ivo Scapolo, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e “milhares de pessoas”, informa o Patriarcado de Lisboa na sua página na internet.

Oração

“O nosso silêncio, Senhor, é também de hoje.
É saber que Tu estás presente entre aquelas e aqueles cujo destino da história é madrasta, é difícil.
Te reencontramos crucificado, Senhor, na vicissitude daquelas e daqueles que, movidos por uma necessidade social, profissional, se fazem ao mar, ao caminho e são migrantes.
E Tu, Senhor, és crucificado aí, assim como és crucificado na Ucrânia, no Médio Oriente. Tantos inocentes são vítimas de ódio e de violência. Tu, Senhor, continuas a ser crucificado entre esses últimos.
Aceita o nosso silêncio, Senhor, porque, maravilhados, contemplamos que o Teu lar, a Tua tenda é junto da pessoa, junto do ser humano. Mesmo que sejam pecadores, mesmo que sejam dois ladrões, mesmo que seja gente de má vida, de mau destino, o Teu lar é aí” – D. Rui Valério

 Desde 1910 que a Procissão do Senhor dos Passos tinha o seu percurso confinado à Graça mas, em 2013, por iniciativa do então cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, retomou o “percurso original”, percorrendo diversas ruas de Lisboa, da igreja de São Roque até à igreja da Graça, com paragem junto de sete ‘Passos’: igreja de São Roque, igreja da Encarnação, igreja de São Domingos, ermida de Nossa Senhora da Saúde, Passo do Terreirinho (Rua dos Cavaleiros), Casa de São João de Brito (a Santo André) e igreja da Graça.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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