Igreja/Sociedade: Papa destaca que as pessoas são «o verdadeiro valor do trabalho», a empresários franceses

Francisco assinala a criação de empregos, «especialmente para os jovens», como  forma de «participar no Bem Comum»

Cidade do Vaticano, 29 ago 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou que são as pessoas “e não as máquinas, o verdadeiro valor do trabalho”, numa mensagem a empresários franceses, que estão num fórum de verão, e pediu que criem empregos, “especialmente para os jovens”.

“Se é verdade que o trabalho enobrece o homem, é ainda mais verdade que são os homens que enobrecem o trabalho. Nós, e não as máquinas, somos o verdadeiro valor do trabalho”, escreveu Francisco, na mensagem publicada hoje na Sala de Imprensa da Sala Sé.

A mensagem do Papa ao fórum de verão da rede ‘MEDEF’, que está a decorrer no Hipódromo de Paris Longchamp, em Paris, nos dias 28 e 29 de agosto, foi lida pelo bispo de Nanterre, D. Matthieu Rougé.

O Papa explica que quando pensa em empresários, “a primeira palavra que vem à mente é bem comum”, salientando que os empresários são “atores do desenvolvimento e do bem-estar”, um “motor essencial da riqueza, da prosperidade, do bem-estar público”.

“Hoje, uma forma importante de participar, cada vez mais, no bem comum é a criação de empregos, empregos para todos, especialmente para os jovens: Confie nos jovens. Eles precisam deles, e você precisa deles.”

Francisco acrescenta que cada emprego novo que é criado é uma riqueza partilhada, “que não acaba na produção de juros financeiros pelos bancos, mas é investida para que novas pessoas possam trabalhar e tornar as suas vidas mais dignas”.

“Sem novos empreendedores, a nossa terra não resistirá ao impacto do capitalismo. Até agora, vocês fizeram coisas, alguns de vocês fizeram muito mas não é suficiente. Estamos num período urgente, muito urgente: devemos, vocês devem, fazer mais, as crianças vão agradecer-vos, e eu com elas”, referiu.

O Papa assinala que o bom empresário, como o Bom Pastor do Evangelho, “ao contrário do mercenário, conhece os seus trabalhadores porque conhece o seu trabalho”, e a Igreja Católica compreende o sofrimento do bom empreendedor, “acolhe-o, acompanha-vos, agradece-lhes”, lembrando que, “desde o início, a Igreja acolheu no seu seio os comerciantes, precursores dos empresários modernos”.

Segundo Francisco, os meios de comunicação social falam pouco das “dificuldades e das dores dos empresários” que fecham os seus negócios e “fracassam sem que seja sua culpa”, e, explicou que o livro bíblico de Jó, “ensina que o infortúnio não é sinónimo de culpa, porque atinge também os justos, e que o sucesso não é imediatamente sinónimo de virtude e de bondade”.

“Na Bíblia e nos Evangelhos é recorrente a questão do dinheiro, do comércio, e entre as mais belas histórias da história da salvação, há também histórias que falam de economia: de dracmas, de talentos, de proprietários de terras, administradores, preciosas pérolas”, acrescentou, na mensagem divulgada pelo Vaticano.

O Papa pediu aos empresários franceses que “nunca se esqueçam” que a sua vocação nasceu porque, um dia, “ficaram fascinados pelo perfume da empresa, pela alegria de tocar os seus produtos com as mãos, pela satisfação de ver que os seus serviços são úteis”, e nisto, assemelham-se a José, Jesus, “que passou parte de sua vida trabalhando como artesão”.

No início deste mês, o Papa também enviou uma mensagem à XIV Assembleia Geral da Irmandade Operária da Ação Católica de Espanha (HOAC, sigla em espanhol), pedindo a atenção da Igreja para quem sofre com a precariedade laboral e o desemprego.

CB

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