Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios explicou que Conferência Episcopal vai discutir novo documento de orientação para a formação sacerdotal
Fátima, 01 set 2022 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios (CEVM), da Igreja Católica em Portugal, afirmou que “o futuro vai exigir sacerdotes com estilo novo”, salientando que ninguém está dispensado de “procurar as melhores formas de responder à formação sacerdotal”.
“Não estamos dispensados, a comissão e toda a Igreja, todos os âmbitos educativos, de em diálogo com as famílias, com as comunidades, procurar as melhores formas de responder à formação, neste caso sacerdotal”, disse D. António Augusto Azevedo, em declarações à Agência ECCLESIA, no Simpósio do Clero, em Fátima.
O presidente da CEVM, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), explicou que o novo documento de orientação para a formação sacerdotal, que ainda vai ser discutido, inclui vários agentes, “sendo que o próprio é também agente de formação”.
“Implica as comunidades dos seminários, as dioceses, todo o clero, as famílias, as áreas da Igreja, todos estão incluídos. Há muito para fazer, a nova ‘Ratio [Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis’, da Congregação para o Clero, 2016] aponta algumas pistas, mas serão sempre insuficientes”, desenvolveu.
D. António Augusto Azevedo salienta que o documento “valoriza mais a formação seguinte, no início do ministério”, e ao longo da vida do padre, porque o caminho formativo não se esgota, “sendo natural que se chegue ao sacerdócio com algumas lacunas”, e é importante na Igreja “dar mais atenção, importância”, ao que têm de fazer após a ordenação.
“O futuro vai exigir sacerdotes com estilo novo, e creio que estamos a perceber isso e para lá caminharemos. Demora o seu tempo, mas é preciso começar o caminho e passos bonitos vão ser dados”, realçou.
Na síntese sinodal da CEP, sobre a formação dos sacerdotes, lê-se que têm “uma formação deficiente quer para lidar com os problemas humanos da vida contemporânea, quer para trabalhar com os leigos, que exigem trabalho em equipa, corresponsável e de partilha de autoridade”, que não têm “formação adequada para responder a questões emergentes”.
O bispo de Vila Real, que compreende e reconhece “todos esses desafios”, assinala que a nível educativo existem “algumas dificuldades” na formação para o ministério, como há dificuldades na escola, nas famílias, e que são “inerentes à própria lógica da formação”.
“É sempre difícil formar num tempo de mudança acelerada, não conseguimos imaginar o que será o futuro daqui a uma década, duas, três décadas”, acrescentou.
O responsável recordou que a irmã Nathalie Becquart, subsecretária geral do Sínodo dos Bispos, uma das conferencistas do Simpósio do Clero, referiu “é um desafio para uma geração”.
“O estilo de ministério que queremos para o futuro não se pode desligar da cultura própria desta geração, e deste tempo, em que vivemos, que aqui e ali não está propriamente em sintonia com aquilo que a Igreja pretende. É uma cultura que, muitas vezes, tenderá ou fomentará um certo de vida mais isolado, mais individual”, desenvolveu.
O presidente da CEVM explicou que têm que “aproveitar o que de bom esta cultura traz”, como “conhecimentos, a novidade que traz e os sonhos”, e trabalhar aspetos que possam “não favorecer” a lógica sinodal.
Com o tema ‘A Identidade relacional e ministério sinodal do presbítero’, o Simpósio do Clero termina hoje, em Fátima; D. António Augusto Azevedo fez um “primeiro balanço altamente positivo”, pela participação, de “mais de 300 padres de todo o país”, e pelo ambiente, “muito fraterno, muito saudável, muito alegre, de reflexão e de oração”.
“Muito positivo o tema ligado precisamente ao estilo novo de ser padre e portanto é essa abertura, essa palavra de esperança, essa tónica de motivação que é importante neste simpósio, que seja ele mesmo um instrumento útil, não só de congregar, de unir mas dar ânimo e horizontes novos ao exercício do ministério”, explicou o bispo de Vila Real.
LS/CB
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