Hélder Afonso incentiva Igreja Católica em Portugal a «caminhar para a comunhão» e alerta para sociedade, «muitas vezes, contaminada por discursos fáceis de ódio e xenofobia»
Lisboa, 21 jun 2024 (Ecclesia) – O diretor Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC), da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), alerta para a “marginalização” destas comunidades, na mensagem para o Dia Nacional do Cigano, e deseja que a Igreja Católica “se proponha caminhar para a comunhão”.
“Este dia, em Portugal, pode servir para reverter esta situação de afastamento e desconhecimento, celebrando com as comunidades ciganas as suas tradições e alertando para as suas dificuldades no acesso a diversos serviços públicos, o que as torna mais vulneráveis à exclusão social”, escreve Hélder Afonso, na mensagem divulgada esta sexta-feira, 22 de junho.
O diretor nacional da Pastoral dos Ciganos da Igreja Católica alerta que a população cigana, desde a chegada a Portugal, “enfrenta, em alguns locais, uma realidade de marginalização”, especialmente no acesso à educação, saúde e habitação, e, “muitas vezes”, essa marginalização é alimentada pela “falta de conhecimento sobre a cultura cigana, as suas particularidades e seu modo de vida”.
“A educação, a habitação e a saúde são pilares fundamentais na erradicação de preconceitos, racismo e xenofobia. Queremos promover uma convivência saudável onde diferentes culturas e tradições possam coexistir em diálogo e integração, sem isolamento ou desrespeito pelos direitos e dignidade de cada um.”
Em Portugal, o Dia Nacional do Cigano comemora-se a 24 de junho, e Hélder Afonso deseja que a Igreja Católica se proponha a “caminhar para a comunhão com as populações ciganas portuguesas”, e que estas comunidades “colaborem na superação da distância”, que “infelizmente” ainda separa muitas delas de uma “vida digna e plenamente participada na cidadania cigana e portuguesa”, ao sentirem-se “compreendidas e acolhidas pela Igreja Católica”.
“Que as crianças e os jovens ciganos possam ser um precioso tesouro, capazes de despertar consciências e construir pontes nas periferias humanas, seguindo o exemplo do Beato Zeferino Giménez Malla, cigano de virtudes cristãs, humildade, honestidade e devoção a Nossa Senhora, sendo um modelo a seguir.”
O responsável da ONPC, organismo da CEP, que integra a Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, recorda o apelo do Papa Francisco aos participantes da Peregrinação do Povo Cigano, em 26 de outubro de 2015, em Roma: “Vós mesmos sois os protagonistas do vosso presente e do vosso futuro. Como todos os cidadãos, podeis contribuir para o bem-estar e o progresso da sociedade”.
Para Hélder Afonso, as palavras do Papa são “um encorajamento à comunidade cigana”, destacando a importância de “construir uma nova história baseada na erradicação de preconceitos” e na edificação de uma sociedade mais justa e misericordiosa, “muitas vezes contaminada por discursos fáceis de ódio e xenofobia”.
A mensagem para o Dia Nacional do Cigano 2024 começa por contextualizar que esta data, em Portugal, se celebra a 24 de junho, quando a Igreja Católica celebra na festa de São João Batista, “tradicionalmente festejado pelos ciganos portugueses”.
CB