Igreja/Sociedade: JMJ 2023 é «grande oportunidade», diz cardeal-patriarca de Lisboa

D. Manuel Clemente assume «desafio enorme», apontando ao pós-pandemia

Foto: RR/Miguel Rato

Lisboa, 10 abr 2022 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou que a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que vai decorre na capital portuguesa em 2023, é “um desafio enorme” e uma oportunidade de recomeço, no pós-pandemia.

“É uma grande oportunidade para a sociedade, para a juventude mundial”, referiu D. Manuel Clemente, em entrevista conjunta à Ecclesia e Renascença, publicada e emitida este domingo, 85.º aniversário da emissora católica.

O responsável espera que a JMJ Lisboa 2023 decorra “já numa altura pós-pandémica”, permitindo que “a juventude mundial, em torno daquilo que a mensagem cristã lhe ofereça, rejuvenesça, e com ela rejuvenesça também a sociedade”.

D. Manuel Clemente fala numa ideia amadurecida há décadas e impulsionada pela “movimentação juvenil” da Igreja Católica em Portugal, dando como exemplo iniciativas como a Missão País, os Núcleos de Estudantes Católicos ou as várias atividades de voluntariado.

“Há aqui uma dinâmica juvenil, alguns deles agregados em movimentos ligados a institutos religiosos ou espiritualidades, como as Equipas Jovens de Nossa Senhora, e foi desta gente, em grandíssima parte, que veio o impulso de irmos para a frente”, precisou.

O patriarca de Lisboa assinalou que o programa da JMJ 2023, de 1 a 6 de agosto, vai seguir o das edições anteriores: “o grande encontro numa quinta-feira; depois, o grande momento coletivo, na sexta-feira, é a Via-Sacra pública; no sábado é a vigília que dura toda a noite, porque as pessoas ficam no local, até à Missa de encerramento e envio no domingo de manhã”.

“O Papa gosta sempre de complementar a sua presença, sabemos que aqui irá a Fátima, já manifestou essa vontade e todos nós temos todo o gosto que o faça, e às vezes ele ainda junta mais outras coisas, uma visita a um ou outro local que ele ache mais importante ir, como sinal da presença da Igreja”, acrescentou o cardeal português.

Para D. Manuel Clemente, todo o tecido que se montou na preparação do evento, “com os Comités Paroquiais, Vicariais e Diocesanas, até ao central, o Comité Local”, levou a uma “organização e movimentação juvenil que vai ficar e criar uma rede de Pastoral Juvenil renovada em Portugal”.

Questionado sobre o impacto da pandemia na vida das comunidades católicas, o responsável sublinhou a necessidade de retomar “ritmos de convivência”, como vai acontecer na Semana Santa, que hoje se inicia.

“Ainda é cedo para fazermos essa avaliação. Porque há aqui muita coisa que é natural, ou seja, as pessoas se foram tão restringidas nos seus ritmos habituais, também não passam imediatamente para uma conduta diferente, e estamos a falar não numa realidade de semanas, mas de dois anos, com interrupções e voltas atrás”, indicou.

O cardeal-patriarca acrescentou, a este respeito, que a atitude da Igreja Católica, no contexto da pandemia, foi “muito importante” para a sociedade portuguesa.

O entrevistado aborda ainda a questão dos abusos sexuais de menores, elogiando o caminho seguido pela Conferência Episcopal Portuguesa, com a criação de comissões diocesanas e uma comissão independente de estudo.

“Nem vejo outro. Quando temos pela frente um problema, a primeira coisa que temos de fazer é enfrentá-lo”, sustentou.

D. Manuel Clemente diz que este é um problema da sociedade, no seu todo, destacando que as vítimas “querem ser ouvidas, não querem ser expostas, já sofreram que chegue”.

“É uma questão que estava muito presente, sobretudo, até aos anos 90 e que a partir daí – até por uma outra consciência que a sociedade, no seu conjunto, foi tomando em relação a esta problemática e que não tinha, até aí – foi diminuindo”, assinalou, a respeito dos dados que vêm a ser divulgados nos últimos meses.

Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

 

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