Cardeal Angelo Bagnasco assinala que as pessoas têm «medo de estar sós»
Porto, 05 fev 2020 (Ecclesia) – O presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) afirmou que qualquer legalização da eutanásia e suicídio assistido “é uma derrota para a humanidade”, falando no contexto do debate parlamentar de 20 de fevereiro em Portugal.
“O homem não é um objeto. O doente, a pessoa que se prepara ao passo final da vida terrena, geralmente, como nos dizem os médicos, não têm medo da morte, mas de estarem sós”, disse o cardeal Angelo Bagnasco ao jornal portuense ‘Voz Portucalense’ em declarações enviadas hoje à Agência ECCLESIA.
A Assembleia da República agendou para 20 de fevereiro o debate dos projetos do BE, PS, PAN e PEV sobre a despenalização da eutanásia em Portugal.
“É mais um passo no mundo ocidental contra a pessoa humanam, porque a vida é sagrada, no sentido em que ninguém pode dispor dela como se fosse um objeto”, afirmou o presidente do CCEE.
O arcebispo de Génova (Itália), que esteve em Portugal esta semana, nas Jornadas de Teologia no Porto, salientou que a lei sobre a eutanásia, como sobre o suicídio assistido, “é uma derrota para a humanidade”.
“Em vez de ser solidária em todos os momentos, especialmente, os de maior dificuldade e sofrimento, retira-se, entregando o indivíduo a si próprio”, explicou o cardeal Angelo Bagnasco, à margem das Jornadas de Teologia no Porto.
A vida humana nunca é referendável. Eticamente. Mesmo que a totalidade da população aprovasse uma técnica de morte, esta seria sempre deplorável. Mas mais deplorável seria se 150 ou 200 pessoas impusessem os seus critérios a largos milhões de cidadãos.
— Manuel Linda (@BispodoPorto) February 5, 2020
Hoje, o bispo do Porto, D. Manuel Linda, recorreu à rede social Twitter, para admitir um referendo sobre a legalização da eutanásia, que o Parlamento discute a 20 de fevereiro.
“A vida humana nunca é referendável. Eticamente. Mesmo que a totalidade da população aprovasse uma técnica de morte, esta seria sempre deplorável. Mas mais deplorável seria se 150 ou 200 pessoas impusessem os seus critérios a largos milhões de cidadãos”, escreveu.
Já na terça-feira, em declarações à Rádio Renascença, o bispo do Porto considerou que “aproveitar uma maioria momentânea para fazer aprovar uma lei não será o maior percurso para sintonizar com a sociedade”.
A Federação Portuguesa Pela Vida vai promover uma concentração a 20 de fevereiro, pelas 12h30, no Largo de São Bento.
Em 2018, a Assembleia da República debateu projetos de despenalização da morte medicamente assistida do PS, BE, PAN e Verdes, que foram chumbados numa votação nominal dos deputados.
Em 2016, a CEP publicou a Nota Pastoral ‘Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’, na qual os bispos católicos afirmam que “nunca é absolutamente seguro que se respeita a vontade autêntica de uma pessoa que pede a eutanásia”.
CB/OC