Igreja/Sociedade: Congresso Eucarístico Internacional deixa desafio a curar feridas «criadas pela pobreza, pela corrupção, pela mentira, pela fragilidade do mundo»

«A Eucaristia já é evangelização, mas tem que nos conduzir a um maior compromisso na Igreja e no mundo» – D. José Cordeiro

Foto: Secretariado Nacional da Liturgia

Quito, 18 set 2024 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade (CELE), da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), destacou o “bálsamo de fraternidade para curar as feridas do mundo” que viveram no 53.º Congresso Eucarístico Internacional (CEI), em Quito, no Equador.

“Um congresso destes não é tanto para um enriquecimento de caráter teológico, intelectual, mas é, sobretudo, fazer a experiência com a Igreja local e da proveniência de tantos lugares do mundo e sentirmos que vivemos da mesma mesa e que daquela ferida no alto da cruz se podem curar as feridas do mundo”, disse D. José Cordeiro, numa entrevista de balanço sobre o CEI 2024, enviada à Agência ECCLESIA.

O presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade, da Igreja Católica em Portugal, acrescentou que dependendo de cada um, “daquilo que é possível fazer”, curar as feridas que “são criadas pela pobreza, pela corrupção, pela mentira, pela fragilidade do mundo que toca viver”.

“Esta experiência aqui é como um bálsamo de fraternidade para curar as feridas do mundo nesse sonho mais alargado da fraternidade que é também o sonho de levar Jesus a todos”, acrescentou.

O responsável português lembrou a ‘fraternura’, uma “nova palavra” que surgiu no 53.º CEI, que é a fraternidade estar “intimamente ligada à ternura”, para que seja a “força contagiante da Eucaristia a dar o sentido de plenitude a toda a ação evangelizadora da Igreja”.

O 53.º Congresso Eucarístico Internacional realizou-se em Quito, no Equador, com o tema ‘Fraternidade para curar o mundo. «Todos vós sois irmãos» (Mt 23,8)’, de 8 a 15 de setembro.

D. José Cordeiro destacou “a experiência eclesial, de fraternidade à luz da Eucaristia, e no espírito do Concílio Vaticano II”, que fizeram neste CEI, na América Latina, assinalando que a delegação portuguesa experimentou essa fraternidade “desde o acolhimento no aeroporto até à despedida”, este domingo.

“É uma experiência alargada, nas várias línguas, culturas, nações que aqui experimentamos e sobretudo numa igreja muito viva aqui no Equador, que nos impulsiona a prosseguir com renovada esperança no caminho para uma Igreja sinodal, eucarística, samaritana, e peregrina de esperança”, realçou o arcebispo de Braga.

A delegação portuguesa ao CEI2024 era constituída por 22 pessoas – um bispo, 12 sacerdotes, um religioso e oito leigos –, de 11 dioceses – Algarve, Angra, Aveiro, Beja, Braga, Évora, Leiria-Fátima, Lisboa, Porto, Viseu e do Ordinariato Castrense – informou o Secretariado Nacional de Liturgia, organismo da CELE.

Sentimos que sem Eucaristia não existe a Igreja, e sentimo-lo de facto, e há muitas propostas criativas que poderemos implementar nas nossas comunidades: como a adoração com as crianças, com os jovens, o sacramento da reconciliação interligado com a celebração da Eucaristia, a promoção da formação litúrgica, no tal espírito do Concílio Vaticano II; A Eucaristia por si mesma já é evangelização, mas ela tem que nos conduzir ainda a um maior compromisso na Igreja e no mundo”.

D .José Cordeiro explicou que a sua motivação para participar nos Congressos Eucarísticos, seja nacional como internacional, é “pessoal e eclesial”.

“Acredito neste processo que os congressos eucarísticos, dão esse impulso à vida da igreja centrando no essencial”, acrescentou, lembrando a realização do 5.º Congresso Eucarístico Nacional, realizado este ano em Braga, a experiência em Quito, e apontando já ao “desafio para Sidney, em 2028”.

Na Eucaristia de encerramento do Congresso Eucarístico Internacional 2024, o legado pontifício ao 53.º CEI, o cardeal Baltazar Porras Cardozo (arcebispo emérito de Caracas), anunciou que a cidade de Sydney, na Austrália, vai ser a sede do próximo Congresso Eucarístico Internacional, em 2028.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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