Igreja/Sociedade: Cáritas Europa alerta para mercado de trabalho «insuficientemente inclusivo» e deixa recomendações para Portugal

Relatório sobre a Pobreza foi apresentado em Bruxelas

Bruxelas, 21 fev 2022 (Ecclesia) – A Cáritas Europa apresentou hoje em Bruxelas o Relatório sobre a Pobreza relativo ao ano de 2021, sublinhando que a pandemia agravou a situação de quem já estava em risco de exclusão antes.

O documento, citado pela Renascença, aborda a situação em Portugal, com alertas para as condições de trabalho e as baixas remunerações dos prestadores de cuidados, muitas vezes “não qualificados” e obrigados a procurar um segundo emprego.

A Cáritas pede ainda que o país crie condições para que os trabalhadores mais vulneráveis possam ter mais garantia de emprego, e um “salário mínimo adequado”, que garanta as despesas diárias.

“Devido à pandemia, além do aumento taxa de desemprego, muitos trabalhadores, em especialmente entre os desfavorecidos e aqueles com menor escolaridade, foram colocados em lay-off, o que permitiu que as empresas mantivessem os trabalhadores”, pode ler-se.

A secção relativa a Portugal sublinha que os jovens foram particularmente afetados pela recessão económica que se seguiu à pandemia: “Um em cada dois jovens com idades compreendidas entre os 16 e os 25 anos perderam totalmente os seus rendimentos”.

Considerando os desafios que esses grupos marginalizados enfrentam no mercado de trabalho em Portugal, pode argumentar-se que este mercado é insuficientemente inclusivo, apesar de algumas mudanças positivas nos últimos anos”.

“A economia tem de servir as pessoas, não o contrário”, sublinhou o presidente da Cáritas Europa, afirmando ser urgente “proteger a dignidade do trabalho, num mercado inclusivo e uma economia centrada no homem”.

Michael Landau falava durante a apresentação do CARES – Relatório Europeu sobre a Pobreza 2021, admitindo que, para muitas pessoas “o pior ainda pode estar para vir”, quanto ao impacto da pandemia.

“Para quem já vinha de um contexto desfavorável, e estava em situação difícil antes da Covid, o desafio ainda é maior”, assinalou.

As Cáritas, realçou Landau, têm estado focadas em dar resposta às “necessidades mais urgentes”, que passam quase sempre pelo apoio alimentar, alojamento, pagamentos de rendas e despesas de casa, mas essa resposta será insuficiente no futuro.

“As pessoas estão a sofrer e é preciso garantir-lhes proteção social”, defendeu.

Gosia Chrysanthou, da Cáritas do Chipre, afirmou que as autoridades “têm de fiscalizar os patrões e as empresas, tal como fazem com os indocumentados”.

“O relatório da Cáritas fala da necessidade de clarificar estes assuntos, que devem ser discutidos não apenas por nós, hoje, mas pelos líderes políticos em Bruxelas, e nas capitais dos vários países, como Nicósia, para garantir que há trabalho seguro, inclusivo e protegido na Europa”, referiu.

A Cáritas Europa identifica os migrantes, as mulheres, os jovens trabalhadores, as pessoas com deficiência, os ciganos e os prestadores de cuidados como os grupos mais discriminados e explorados.

OC

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