Igreja: Seminarista chinês em Portugal para dar testemunho sobre vida dos católicos

Futuro padre vai regressar ao país asiático apesar da repressão do regime de Pequim

Lisboa, 28 jun 2013 (Ecclesia) – Um seminarista chinês está em Portugal para falar sobre a situação da sua “Igreja perseguida”, a convite de uma fundação católica e revelou à ECCLESIA que quer regressar à China após ser ordenado padre.

“Não tenho medo, nunca tive medo, porque a vocação é um dom do Senhor”, disse Pedro, na sede da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), em Lisboa.

A ordenação sacerdotal vai acontecer dentro de um ano e nessa altura o seminarista quer voltar para junto dos seus conterrâneos, onde começou o percurso de preparação num “seminário clandestino”, onde viviam escondidos, sem sair “durante meio ano” e rezar “em voz baixa”.

“A Igreja é perseguida”, sustenta, lembrando que o seu bispo está em prisão domiciliária “há muito tempo”.

O futuro padre conclui hoje um ciclo de três conferências em várias cidades e recorda as dificuldades que se colocam também às famílias católicas, por causa da política de “filho único”.

Pedro tem cinco irmãos e, por isso, os pais tiveram de fugir das autoridades, um tempo “muito difícil” para si, como criança, relata o seminarista.

 “Vivíamos sozinhos em casa, o nosso irmão mais velho cuidava de nós”, recorda, a respeito desses 4/5 anos.

A sua mãe assistiu ao fuzilamento de um sacerdote da sua aldeia, por não pertencer à Associação Patriótica Católica (APC), controlada pelo regime chinês.

Esse organismo nomeia os bispos do continente e recusa o reconhecimento da autoridade do Vaticano, que tem cerca de oito milhões de fiéis na chamada ‘Igreja clandestina’.

“O Governo tenta sempre que os sacerdotes da Igreja clandestina entrem na Igreja patriótica, mesmo com benefícios muito grandes, salário fixo, carro, reconhecimento oficial”, relata Pedro.

Para o restabelecimento de relações diplomáticas, a China exige que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan como país independente e aceite a nomeação dos bispos chineses por parte da APC.

Esta organização do regime foi criada em 1957 para evitar interferências estrangeiras, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado.

O Vaticano considera ‘ilegítimos’ os bispos que receberam jurisdição da APC, sem autorização do Papa.

PA/OC

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