Padre Fernando Sampaio diz que prioridade é apostar nos cuidados continuados e paliativos, rejeitando legalização da eutanásia
Lisboa, 13 dez 2019 (Ecclesia) – O padre Fernando Sampaio, Coordenador Nacional dos Capelães Hospitalares e Assistentes Espirituais, alertou em entrevista à ECCLESIA e Renascença que a “solidão” dos doentes é um dos grandes desafios do setor.
“O grande problema muitas vezes nos doentes é o ficar só, é a solidão. Esse temor de ficar só acrescenta sofrimento ao próprio doente. Assim como não estar em paz interiormente. Às vezes é necessário reconciliar-se com a família para o doente ficar em paz”, refere o sacerdote, convidado da entrevista semanal, publicada e emitida à sexta-feira.
O capelão no Centro Hospitalar Lisboa Norte aborda o debate em curso sobre a legalização da eutanásia, defendendo como alternativa uma aposta séria nos cuidados continuados e paliativos.
“Este é um assunto muito sério que devia ser levado mais a sério também. Preocupa-me, porque mexe com uma coisa que é paradigmática da própria civilização, que está assente no princípio ‘não matarás’, que é fundamento da confiança mútua entre o cidadão e os médicos, entre o cidadão e a instituição hospitalar, no fundo até da própria civilização em si – é a confiança mútua que está na base da nossa civilização”, indica.
Dez anos depois da lei que regulamenta assistência espiritual e religiosa nos hospitais, o padre Fernando Sampaio considera que “é necessário aplicá-la e que haja instrumentos que a tornem efetiva”, lamentando a existência de “preconceito” em relação à religião.
“Há muita investigação científica atualmente que torna visível a sua importância na promoção do bem-estar dos doentes, na promoção da saúde”, aponta.
O responsável aponta como uma das falhas na aplicação da lei “a presença, ou a solidificação da assistência espiritual não católica”.
Quanto à presença católico, o sacerdote considera “oportuno que os leigos estejam nos Hospitais”, em particular as mulheres.
“Esse terá de ser necessariamente o futuro. Isto exige muita formação, não é voluntariado. Tem de haver uma profissionalização, um enquadramento curricular e naturalmente formação”, indica.
Sobre a vivência do Natal junto dos doentes, o padre Fernando Sampaio assinala que “o hospital é sensível às diferentes épocas do ano”.
Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (ECCLESIA)