Igreja reforça aposta pastoral junto da etnia cigana

Conclusões do 32º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos De 18 a 20 de Novembro de 2005 teve lugar em Fátima o 32º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos, o qual foi presidido por D. António Vitalino Dantas, Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana. Participaram 50 pessoas, 20% das quais de etnia cigana, das Dioceses de Bragança-Miranda, Porto, Aveiro, Viseu, Guarda, Portalegre e Castelo Branco, Leiria-Fátima, Lisboa, Beja e Algarve. O tema principal do Encontro foi o empenhamento dos Secretariados Diocesanos da Pastoral dos Ciganos na evangelização entre as populações de etnia cigana e no desenvolvimento social das comunidades ciganas. Os participantes de etnia cigana descreveram as suas próprias experiências e os percursos percorridos no âmbito da acção pastoral a nível nacional e diocesano. Foram formuladas as seguintes conclusões: 1. Evangelização Os percursos percorridos apontam no sentido: do crescente envolvimento das pessoas de etnia cigana na sua evangelização e da tendencial integração da sua formação catequética e da sua vida sacramental no quotidiano das paróquias. Preconizou-se a elaboração de um catecismo católico que assuma a forma da cultura e dos valores ciganos. A evangelização entre as populações de etnia cigana é cada vez mais uma preocupação e um objectivo da pastoral dos ciganos a nível nacional e diocesano. 2. Desenvolvimento social Foram referidos os esforços empreendidos e os resultados obtidos pela pastoral nacional e diocesana no âmbito do desenvolvimento social da etnia cigana, o qual começa pela sua inclusão e pela solução das suas graves carências nos domínios da habitação, da educação e formação e do trabalho e emprego. São as seguintes as áreas em que a pastoral mais se tem empenhado: a. Exclusão pelas carências na habitação com consequências gravosas na educação e no trabalho/emprego das populações ciganas. b. Preconceitos racistas; destruição de barracas e expulsão de locais, por vezes ao abrigo de posturas municipais, sem alternativas previamente acordadas, em transgressão das recomendações europeias vigentes no domínio da habitação dos ciganos. c. Continuação do atraso e da incerteza na colocação dos mediadores ciganos, com graves consequências para a sua sobrevivência económica e para a produtividade das escolas onde actuam. d. Continuação da inactividade ao nível do Governo central no que concerne a revisão da obsoleta legislação sobre o comércio ambulante, que é a principal ocupação de que depende a sobrevivência da maioria das populações ciganas. e. Educação e formação das populações ciganas jovens, mediante uma actuação de proximidade em múltiplos projectos nas zonas onde residem as populações ciganas. f. Fomento da cultura cigana através de projectos que privilegiam a música e a dança ciganas. g. Apoio ao associativismo cigano e à representação portuguesa na 1ª Assembleia Geral do Fórum dos Ciganos Europeus (ERTF-European Roma and Travellers Forum) no próximo mês de Dezembro, no Conselho da Europa, em Estrasburgo. O extraordinário e santo trabalho da Irmã Zulmira Cunha, falecida há um ano, que tanto se dedicou às pessoas de etnia cigana, foi evocado com admiração e carinho. Foi referida a homenagem que a Fundação Cón. Filipe de Figueiredo e a Câmara Municipal de Estarreja vão prestar ao antigo Director Nacional da Pastoral dos Ciganos, Cón. Filipe de Figueiredo; a homenagem culminará com um Concerto de música cigana que será dirigido pelo famoso Maestro cigano Paco Suarez no próximo dia 1 de Dezembro, em Estarreja. Pelo Sr. D. António Vitalino Dantas foram referidas as conclusões do 7º Congresso da Pastoral das Migrações do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, realizado em Outubro, em Zagreb, Croácia e que focou os fluxos migratórios dos ciganos do Leste para Oeste, exortando as Igrejas locais, designadamente as Conferências episcopais a “comprometer-se em favor dos ciganos”, a refutar os preconceitos negativos relativos aos ciganos e a intervir em defesa da identidade dos ciganos junto dos meios de comunicação e das instâncias políticas. “É melhor estar à chuva do que estar na barraca” – Cesarina Santos, cigana de Bragança, testemunhando sobre as condições de habitação em que vive, na conclusão do 32º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos Fátima, 20 de Novembro de 2005 Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top