D. Carlos Azevedo diz que existem «questões pendentes» nas relações com o executivo
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, considera que a Igreja deveria ser ouvida pelo Governo sobre as questões sociais, dado o seu conhecimento do terreno.
O Bispo auxiliar de Lisboa admitiu que há “questões pendentes na área do social, nos centros sociais, no apoio aos idosos”.
“A Igreja, dada a importância que tem no sector social, devia ser chamada – esse é o dinamismo da democracia – a participar nos órgãos de decisão para poder aconselhar, porque conhece bem o terreno, o legislador, para ele ser mais coerente e nós não recebermos só as determinações sem participarmos na sua feitura”, indicou este responsável, em declarações à ECCLESIA.
D. Carlos Azevedo, coordenador-geral dessa visita, diz que a pouca participação dos cidadãos nas decisões é “algo que atravessa a sociedade portuguesa”.
Este responsável era questionado a respeita da entrevista à ECCLESIA do ministro da presidência, Pedro Silva Pereira, na qual o membro do executivo destacava o bom relacionamento entre a Igreja e o Estado.
D. Carlos Azevedo frisou que “as grandes questões com o Estado vão sendo resolvidas, mas há uma questão, o ensino religioso, que está ainda em aberto e que é necessário enfrentar com clareza”.
A nível cultural considera que tem havido articulação com o Ministério da Cultura, com receptividade às propostas, dando como exemplo a “Rota das Catedrais”, um projecto a que se vai dar mais atenção em Junho, depois da visita do Papa.
Do ponto de vista do património, D. Carlos Azevedo diz que seria necessário “um quadro legal transparente”, em que todos soubessem o que pertence a quem nos Monumentos Nacionais que são propriedade do Estado mas estão a uso da Igreja.
“Vão-se resolvendo os problemas mas se houvesse um enquadramento global e legal seria mais simples para todos”, conclui.
A Concordata de 2004 previa a criação de Comissão Bilateral para o acompanhamento dos assuntos culturais e de património.
Pedro Silva Pereira admitia que a Comissão tem tido “um funcionamento descontinuado”, revelando que “há a pretensão da Igreja e também a vontade do Governo que ela seja mais activa”.