Igreja: Quando o Evangelho não tem «lugar central» somos apenas «a nossa religião» – D. Manuel Clemente

Cardeal-patriarca de Lisboa abriu edição deste ano dos «Encontros de Santa Isabel»

Lisboa, 15 jan 2018 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa defendeu que a Palavra de Deus deve ter um “lugar central na vida” das comunidades cristãs, com consequências para a sua ação na sociedade.

D. Manuel Clemente falava durante a primeira sessão dos ‘Encontros de Santa Isabel’, que decorre até ao final deste mês na Paróquia de Santa Isabel em Lisboa, subordinada ao tema ‘A Palavra de Deus e a nossa Fé – Na receção da Constituição Sinodal de Lisboa’.

Na sua reflexão, publicada hoje pelo Patriarcado de Lisboa, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa frisou que “os cristãos não se reúnem para falar das suas coisas”.

“Reunimo-nos, antes de mais, para escutarmos aquilo que Deus nos diz em Jesus Cristo e, depois, tirar daí todas as consequências, por palavras e por obras, para a vida, dentro e fora das comunidades”, apontou.

D. Manuel Clemente lembrou ainda que, no que diz respeito à Palavra de Deus, está em causa “muito mais do que o livro escrito” da Bíblia, dos Evangelhos, tudo é em referência a “uma Pessoa Viva” que é Cristo.

Alguém “que o que diz e o que faz se torna, para os cristãos, Vida”.

“Por isso, ter este lugar essencial da Palavra de Deus é central, nuclear. E quando não é assim deixamos de ser ou ainda não começámos a ser a religião do Verbo encarnado. Somos a nossa religião”, alertou o cardeal-patriarca.

Os Encontros de Santa Isabel decorrem em todas as terças-feiras deste mês de janeiro, a partir das 21h30, no auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, situado na Rua Saraiva de Carvalho, em Lisboa.

A edição deste ano procura também perceber a forma como tem sido recebida e potenciada a caminhada sinodal que a diocese lisboeta fez nos últimos três anos, e em particular a constituição sinodal de Lisboa (dezembro de 2016), que propôs uma Igreja mais virada para fora, em saída.

Para D. Manuel Clemente, trata-se de um “documento precioso”, não só por ser inspirado na exortação apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, do Papa Francisco, mas por contar com o contributo de “muita gente” da diocese e ser aplicado à realidade do território.

Um dos pontos da constituição, o número 38, realça precisamente a importância de promover “uma leitura orante da Escritura”, a necessidade de promover a formação e o gosto pela Palavra de Deus, e os valores que ela propõe e ensina.

“Quem é que sabe o último resultado da sua equipa de futebol? E quem é que se lembra do Evangelho do último domingo?”, questionou o cardeal-patriarca para evidenciar o longo trabalho que ainda há a fazer neste campo do crescimento das comunidades cristãs.

“Uma tarefa fundamental para podermos crescer como Igreja de Jesus Cristo, é fazer eco da Palavra que Ele nos dirigiu. A Palavra deve ser escutada, meditada rezada, celebrada, cantada, vivida”, completou D. Manuel Clemente.

Os ‘Encontros de Santa Isabel’ prosseguem esta terça-feira com o padre Armindo Vaz, que vai abordar o tema ‘Jesus e os procuradores procurados’, com a moderação de Palmira Ferreira de Lemos.

No dia 23 será a vez da temática ‘A Palavra faz-se carne – Perspetivas a partir dos projetos – Ler e rezar a Bíblia, Majune e Grupos de Jesus’, tendo como intervenientes  Sofia Câmara, Eleonora de Carvalho Lampreia e Rui Alexandre.

Este ciclo de reflexão na Paróquia de Santa Isabel, em Lisboa, termina a 30 de janeiro, com o painel ‘Um risco chamado oração’, que contará com a participação do constitucionalista André Folque, da religiosa Maria d’Orey Manoel e do padre Luís Marinho.

JCP

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Agência ECCLESIA

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