Igreja portuguesa deve olhar mais para os seus emigrantes

Apelos dos Coordenadores Nacionais das Comunidades Católicas Portuguesas na Europa Convocados pela Obra Católica Portuguesa de Migrações reuniram-se de 26 a 28 de Outubro de 2004, no Centro Pastoral “St. Joseph’s College”, em Mill Hill, arredores de Londres (Reino Unido), os Coordenadores Nacionais das Comunidades Católicas Portuguesas da Europa. Participaram: Alemanha, França, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suíça. O Encontro que teve como tema “ a Reestruturação da Pastoral das Comunidades na Europa”, foi presidido por D. Januário T. Mendes Ferreira, presidente da Comissão Episcopal de Migrações e Turismo da CEP. Toda a reflexão sobre a situação actual das Comunidades Portuguesas – pessoal religioso envolvido, geografia das Missões, meios de financiamento e novas exigências das Igrejas Locais – foi efectuado a luz do espírito da recente Instrução da Santa Sé, “A Caridade de Cristo para com os Migrantes”, que apela fortemente ao diálogo, ao trabalho de conjunto e à comunhão entre todos os operadores e estruturas pastorais. Constatou-se, em sintonia com o Ano da Eucaristia em curso na Igreja, de que tem sido ao redor da Eucaristia que a maioria da Comunidades Portuguesas têm nascido, organizado e resistido à galopante “descristianização” da Europa, com o apoio dos missionários e missionárias, portugueses ou não, que os acompanham e servem. Os Coordenadores Nacionais, como “enviados” da Igreja em Portugal junto das Comunidades, e, em estreita colaboração com a Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, apresentam as seguintes recomendações/apelos: 1. Diante do reconhecimento e gratidão manifestados frequentemente por parte das Igrejas Locais, acerca da riqueza humana e oportunidade “providencial” que são as Comunidades Portuguesas para a evangelização e revitalização de muitas paróquias secularizadas, apelam a uma cuidada análise e maior conhecimento da realidade diferenciada que vivem estas Comunidades e seus missionários e missionárias. 2. Diante das mudanças em acto relativas ao novo perfil do “emigrante”, de novos fluxos de saída, do manter-se e, em alguns Países, do aumento e diversificação da Emigração nos últimos 10 anos, apelam a que o País e a Igreja procurem actualizar o seu olhar sobre a “nova realidade” que faz de Portugal “terra” em contínua mobilidade para o Exterior. 3. Diante do crescente desinteresse, diminuição do investimento humano e, consequente desconhecimento por parte da Sociedade portuguesa, julgando as Comunidades perfeitamente “integradas” e, por conseguinte, não mais necessitadas de outros apoios, apelam a que, através dos Capelães, dos Secretariados Diocesanos, dos Conselhos Pastorais, e das Visitas de bispos e padres, esporádicas ou habituais, aprofundem o conhecimento das potencialidades humanas e das capacidades evangelizadores dos católicos portugueses no Mundo. 4. Diante dos processos de Reestruturação e Reorganização, a nível diocesano e nacional nas Igrejas Locais da Europa, alguns demasiadamente rápidos, que estão a favorecer apenas a “assimilação forçada” e o “desnorteio” das Comunidades, apelam a que as Comunidades prossigam na abertura positiva à Igreja Local, mas se intensifique o diálogo bilateral – directo ou indirecto – entre Igrejas, no respeito pelas estruturas nacionais, como a OCPM e as Delegações, de modo a que sejam salvaguardadas: a “estabilidade” do acompanhamento espiritual, a preparação e formação dos agentes, a defesa do património, a transparência dos critérios e a gradualidade da integração eclesial. 5. Por fim, estando em curso a preparação do Encontro Mundial das Comunidades (“Ousar a Memória, fortalecer a Cidadania”), a realizar no Porto, nos dias 29, 30 e 31 de Março de 2005, apelam à mobilização geral, dentro e fora do País, de todos os agentes e estruturas pastorais, para que este Evento possa significar um momento aberto de escuta da “vida real” das Comunidades, uma procura participada de novas soluções para “velhos” e “novos” problemas da Emigração, assim como contribua para uma “renovada consciencialização” do País e da Igreja dos deveres éticos de acompanhamento dos mais de 5 milhões de portugueses e lusodescendentes a residir no Estrangeiro. No Ano da Eucaristia, 29.10.2004

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