Igreja/Portugal: «Sem diálogo não conseguimos fazer grande coisa» – D. Augusto César (c/vídeo)

Bispo emérito de Portalegre Castelo-Branco celebra 50 anos de ordenação episcopal

Lisboa, 14 mai 2022 (Ecclesia) – D. Augusto César, bispo emérito de Portalegre-Castelo Branco, está a celebrar 50 anos de ordenação episcopal, numa missão que começou em Tete, Moçambique, destacando a importância do “diálogo” neste percurso.

“Com os sacerdotes tem de haver verdadeira amizade, não quer dizer que se agrade a todos, e o mesmo com o povo, hoje é evidente que sem diálogo não conseguimos fazer grande coisa, dialogar em família, em comunidade, com os cristãos e sobretudo com os sacerdotes”, disse à Agência ECCLESIA.

Ordenado bispo a 21 de maio de 1972, na igreja da Casa de S. Vicente de Paulo, pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, D. Augusto César recorda a “fraternidade” que viveu com as irmãs e os padre provinciais da congregação e o sonho de ser missionário.

“Eu sempre desejei ir para as missões e no meu estudo de Teologia pensei muito nisso e nunca disse a ninguém, um dia numas férias recebi uma carta do provincial, que dizia: chegou o dia desejado para ir para missões; eu respondi: obrigado, a minha mala está feita: é da obediência”, contou. 

Na entrevista D. Augusto César lembra que a missão sempre o atraiu e o que o motivava era o “sentido de ajudar os que mais precisam e a simplicidade do povo” e lembra que exerceu o ministério de bispo de Tete, em “tempo de guerra”. 

“Mesmo nessa altura que o país estava em guerra tive a oportunidade de visitar regularmente a diocese, animar e encorajar os missionários e o povo que estava nas missões”, indica.

Foto: Agência ECCLESIA/MC

D. Augusto César viria a resignar a 9 de julho de 1976, por considerar que a nomeação de um bispo moçambicano para Tete se ajustaria melhor às circunstâncias; em setembro de 1978, o Papa João Paulo I nomeou-o como bispo de Portalegre-Castelo Branco, tendo tomado posse no dia da Solenidade de Cristo-Rei (26.11.1978).

“A experiência missionária ajudou a estimular a diocese no sentido de participar ativamente, comecei a fazer visitas por arciprestado para dialogar com os padres antes do serviço com o povo, depois a segunda parte era já com todos os sacerdotes em cada uma das paróquias e o fim era sempre num dos santuários que existisse naquele arciprestado”, descreve. 

Na Diocese de Portalegre Castelo-Branco, D. Augusto César permaneceu 26 anos e sentia que “os sacerdotes precisavam de alguém que trouxesse algo novo para os estimular”; pediu para sair e em 2004 veio a resposta para deixar a diocese, tendo ido residir na casa das Filhas da Caridade, de S. Vicente de Paulo, em Fátima.

Ao celebrar 50 anos de bispo, o entrevistado sente vontade de “guardar silêncio” e pede “orações uns pelos outros”. 

“Guardar silêncio em algumas circunstâncias e reparar no que se passa à minha volta seja pandemia, seja a guerra atroz na Ucrânia e com tudo isto fico assim a olhar, dou graças a Deus por ter chegado a esta idade, e ser capaz de observar e faz-me estar em silêncio”, admite.  

A entrevista a D. Augusto César, pelos 50 anos de ordenação episcopal é o centro do programa ’70×7′ deste domingo, na RTP 2, pelas 17h30. 

HM/SN

Portalegre-Castelo Branco: Diocese vai assinalar 50 anos de ordenação episcopal de D. Augusto César

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Agência ECCLESIA

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