Igreja/Portugal: Governo deve saber ler manifestações de protesto

Porta-voz da Conferência Episcopal diz que as centenas de milhares de pessoas que saíram à rua são «interpelação» para o executivo

Fátima, Santarém, 17 set 2012 (Ecclesia) – O secretário da Conferência Episcopal (CEP) disse hoje em Fátima que a manifestação de centenas de milhares de portugueses, que este sábado saíram à rua em várias cidades, é uma “interpelação forte” para quem governa o país.

“Contamos que os nossos governantes saibam ler com discernimento essa manifestação da vontade pública”, declarou o padre Manuel Morujão, em conferência de imprensa, após uma reunião do Conselho Permanente do episcopado católico.

A iniciativa, que decorreu sob o mote ‘Que se lixe a troika. Queremos as nossas vidas’, é vista pelo secretário da CEP como e um “sinal” a que é preciso responder.

“Há confiança de que os governantes, num esforço de realismo, vejam aquilo em que podem servir o seu povo, sem penalizar aqueles que já estão demasiado penalizados e precisam de ser ajudados”, observou o sacerdote, após a divulgação de uma nota intitulada ‘Missão da Igreja num país em crise’.

No documento, os bispos católicos de Portugal apelam à “estabilidade política” e ao consenso no país, afirmando a necessidade de “equidade” nas soluções e na distribuição dos “sacrifícios” perante a crise económica.

O secretário da CEP sublinhou que esta posição não procura “elogiar um Governo”, mas “beneficiar o povo que precisa da estabilidade”, para que “não se quebre um acordo sociopolítico, para bem da nação” e se evitem “caminhos de ingovernabilidade”.

“A política não é nenhum ringue”, alertou também, convidando a “pensar mais na dignidade de toda a pessoa humana” e não no êxito do grupo ou do partido de cada um.

Para o padre Manuel Morujão, as decisões governamentais devem ir na linha de “proteger os mais débeis, os mais penalizados pela crise”, como os desempregados, os endividados ou “quem recebe pensões de verdadeira pobreza”.

Segundo este responsável, a CEP “tem-se manifestado várias vezes, com vigor, com coragem, também com equilíbrio e com respeito” em defesa dos que “mais precisam de ser defendidos”.

O novo documento elogia as instituições de solidariedade da Igreja, esforço salientado pelo porta-voz do episcopado, para dar “dignidade e pão”.

“A Igreja está com o seu povo e sente as suas dificuldades e aspirações”, precisou.

O Conselho Permanente é um órgão delegado da assembleia dos bispos católicos em Portugal, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, reunindo ordinariamente todos os meses.

O organismo é atualmente constituído por D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa (presidente da CEP); D. Manuel Clemente (vice-presidente), bispo do Porto; D. Jorge Ortiga (vogal), arcebispo de Braga; D. António Marto (vogal), bispo de Leiria-Fátima; D. Gilberto Canavarro Reis (vogal), bispo de Setúbal; D. António Francisco dos Santos (vogal), bispo de Aveiro; D. Manuel Quintas (vogal), bispo do Algarve; padre Manuel Morujão (secretário).

OC

Notícia atualizada às 16h30

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