Organismo católico aponta, em particular, à Banca e pede «esforços partilhados» por todos para superar dificuldades sociais e económicas
25 mai 2020 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica, questionou hoje em nota enviada à Agência ECCLESIA a distribuição de dividendos em momento de crise económica, provocada pelas consequências da pandemia.
“Causa legítima perplexidade e escândalo a notícia de que um banco privado, cuja sobrevivência tem sido assegurada graças a avultados fundos estatais que acabam a onerar todos os contribuintes, contempla a possibilidade de vir a atribuir prémios de gestão que implicam uma ordem de grandeza de tal modo elevada que choca pela disparidade face à média das retribuições do trabalho em Portugal”, pode ler-se no texto, que se refere à atual situação do Novo Banco, sem referir diretamente o nome da instituição.
A CNJP aponta o dedo a esta situação e outras semelhantes, em matéria de política de retribuições ou de distribuição de dividendos, de que ficam excluídos os trabalhadores, “por bancos (também contemplados com excecionais benefícios estatais) ou outras empresas, contrastam flagrantemente com os esforços de solidariedade que a atual situação reclama”.
Há que ter presente que nem tudo o que é legal é legítimo. E há que demonstrar que a responsabilidade social das empresas tem exigências de coerência e não pode confundir-se com um simples instrumento de promoção de imagem”.
O organismo laical ligado à Conferência Episcopal Portuguesa alerta para uma “crise económica e social de uma gravidade sem precedentes”, com consequências no “desemprego, perda total ou muito substancial de rendimentos e privação da satisfação de necessidades básicas, como a alimentação”.
“As desigualdades que já anteriormente marcavam a nossa sociedade tendem a agravar-se, pois, como revelam vários estudos, são os mais pobres quem, de um modo geral, mais sofre com esta crise”, acrescenta a nota.
A CNJP pede um “esforço de solidariedade” a quem foi menos atingido e sublinha que a coesão social é mais necessária do que nunca.
“Só a partilha equitativa dos esforços que nos são exigidos garante essa coesão”, conclui o texto.
OC