África: Centro Missionário de Braga denuncia ataques à população no norte de Moçambique

«Que possamos ajudar cada pessoa a garantir o alimento e os recursos que necessitam»,apela o CMAB

Mulheres em Moçambique

Braga, 25 mai 2020 (Ecclesia) – O Centro Missionário da Arquidiocese de Braga (CMAB) alertou para os ataques violentos no norte da província moçambicana de Cabo Delgado, apelando à ação internacional e das Igrejas.

“Devemos refletir sobre a nossa responsabilidade de denunciar o que acontece com o nosso povo irmão caso contrário as nossas atitudes serão coniventes com as do dominador, do consumidor ou de um mero explorador dos recursos naturais, em que os interesses económicos prevalecem sobre o bem comum”, lê-se no documento enviado à Agência ECCLESIA.

O CMAB alerta para os ataques “já mataram, pelo menos, 550 pessoas” e têm sido associados, “alegadamente, a um grupo militante ‘jihadista’”, com o objetivo de impor uma lei islâmica na região, desde 2017.

Uma comunidade missionária bracarense de leigos está presente na Paróquia moçambicana de Santa Cecília de Ocua, na Diocese de Pemba, e refere que os ataques acontecem numa zona “estão a ser explorados recursos naturais” – carvão, gás natural e jazidas de pedras preciosas.

Cabo Delgado tem atualmente diversos megaprojetos a serem explorados por empresas estrangeiras e com residuais benefícios para a população local. Acresce o facto de haver uma grande quantidade de jovens que são facilmente manipuláveis já que não encontram hipóteses promissoras de futuro”.

Neste contexto, o Centro Missionário da Arquidiocese de Braga adianta que “é necessário” que organismos internacionais e organizações da sociedade civil, “incluindo a Igreja Católica e outras Igrejas”, usem “mecanismos legítimos de pressão” para que o governo em Moçambique “cumpra o seu dever não-delegável de preservar o desenvolvimento harmonioso da sua população, o meio ambiente e os recursos naturais”.

“É necessário reduzir drasticamente ou mesmo eliminar as condições que sustentam internamente este conflito, que são a pobreza, a violação dos direitos humanos universais – educação, saúde, soberania alimentar e água potável – que criam grandes desigualdades sociais em termos de rendimentos económicos e problemas étnicos, e que bem sabemos, não se resolvem facilmente”, desenvolve o comunicado.

O CMAB recorda que o bispo da Diocese de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa,  tem denunciado os ataques na Província de Cabo Delgado e alerta para a crise humanitária com mais de 200 mil deslocados.

O Papa Francisco também lembrou os ataques e a crise no norte de Moçambique, sua mensagem pascal.

CB/OC

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