«É necessária uma resposta adequada, por parte do Governo, para que este setor não paralise», disse D. José Ornelas
Fátima, 28 abr 2022 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que os bispos estão “extremamente preocupados” com o impacto da crise nas Instituições Sociais da Igreja Católica.
“É necessária uma resposta adequada, por parte do Governo, para que este setor não paralise”, sublinhou D. José Ornelas, em conferência de imprensa, no final da Assembleia Plenária de primavera da CEP, que se iniciou na última segunda-feira.
O comunicado conclusivo do encontro registava “a preocupação que tem chegado dos Centros Sociais Paroquiais e outras instituições particulares de solidariedade social (IPSS), quanto à sua viabilidade por dificuldades económicas, agora também a agravarem-se com a inflação”.
Para o presidente da CEP, é necessário “encontrar caminhos concretos e viáveis para a sustentabilidade destas instituições”, destacando que “centenas de milhares de pessoas” dependem das mesmas.
O bispo de Leiria-Fátima assinalou que estas são instituições que servem a população mais desfavorecida, sem a necessária comparticipação do Estado.
“Estão instituições em risco, muitas”, alertou.
O responsável admitiu que a pandemia “veio agudizar esta situação”.
A preocupação com o impacto da crise foi manifestada, durante os trabalhos, pelo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. José Traquina, que apontou às consequências da “inflação nos bens alimentares, energia, gás e combustíveis”.
“O aumento do custo de vida e o expectável aumento dos juros são preocupações para as famílias e especialmente para quem está com despesas de mensalidades com habitação”, indica o comunicado final da assembleia.
D. José Traquina, bispo de Santarém, salientou a “generosidade dos portugueses manifestada no apoio aos ucranianos nas consequências da guerra na Ucrânia”, nomeadamente na campanha da Cáritas Portuguesa.
A Assembleia Plenária apreciou o documento ‘Ministérios laicais para uma Igreja ministerial’ com indicações para uma “renovada participação laical através dos ministérios já instituídos (leitor, acólito e catequista) na vida da Igreja”; a versão final do documento será votada aquando das Jornadas Pastorais em junho.
Estas jornadas (20-22 de junho de 2022) abordarão o tema da sinodalidade na vida das Dioceses, tendo em conta as sínteses da fase diocesana do processo sinodal, e nos organismos da Conferência Episcopal.
O presidente da CEP anunciou que o encontro vai contar com a participação de representantes das dioceses, sendo cada bispo acompanhado por duas pessoas.
“Queremos que este seja um trabalho que continue”, apontou D. José Ornelas.
O ‘Itinerário de Iniciação à Vida Cristã das Crianças e dos Adolescentes com as Famílias’ foi aprovado pela Assembleia, que apreciou também o desenvolvimento dos conteúdos catequéticos tendo em vista a elaboração de materiais (catecismos).
A Assembleia aprovou ainda a ‘Instrução sobre o direito de cada pessoa a proteger a própria intimidade’, publicada em 2018 e agora atualizada, de acordo com a recente legislação portuguesa e europeia, tendo em conta alguns elementos do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados.
PR/OC
Na Assembleia Plenária que terminou hoje em Fátima, a CEP escolheu D. José Traquina para vogal do Conselho Permanente, em substituição do cardeal D. António Marto que passou a bispo emérito, deu parecer favorável “à concessão do título de ConCatedral à Sé Nova da Diocese de Coimbra” e nomeou, para o triénio 2022-2025, padre José Carlos Teixeira Rebelo, da Diocese do Porto, como assistente Nacional da Associação Nacional do Movimento dos Convívios Fraternos, e reconduziu o padre Alberto Manuel Pêgo Matos Gomes, do Patriarcado de Lisboa, como assistente Religioso da Federação das Instituições de Terceira Idade.
O trabalho dos vários setores da CEP, apresentaram relatórios de atividades nesta Assembleia Plenária o delegado na COMECE (Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia), D. Nuno Brás, que se referiu à Assembleia Geral que decorreu em Bratislava e analisou o impacto da pandemia e “na saúde e na economia, assim como sobre a guerra na Ucrânia e a situação dos refugiados”, e a terceira edição das Jornadas Sociais Católicas Europeias sobre o tema “A Europa para além da pandemia: um novo início”, numa organização conjunta da COMECE e do CCEE (Conselho das Conferências Episcopais da Europa. O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, D. António Moiteiro, referiu-se à aposta na formação de professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) e à revisão dos manuais em curso. No decorrer dos trabalhos, que iniciaram na última segunda-feira, D. Américo Aguiar “informou a Assembleia sobre o andamento logístico da JMJ Lisboa 2023, salientando a importância da Peregrinação dos Símbolos e o entusiasmo sentido pelos jovens no acolhimento da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani”. O Comunicado Final da CEP indica também ações previstas nos vários setores da pastoral, nomeadamente no âmbito da Comissão Episcopal Laicado e Família: o encontro promovido pelo CCEE no âmbito da Família e Vida (10-12 de maio de 2022), 4.ª Semana de Formação para Agentes Pastorais da Pastoral Familiar, Juvenil, Ensino Superior, Vocacional e Escolar (Leiria, 8-11 de setembro de 2022), o X Encontro Mundial das Famílias (Roma, 22-24 de junho de 2022). A Assembleia Plenária foi informada sobre a realização das próximas Jornadas da Pastoral da Cultura (28 de maio de 2022), o 46.º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica sobre “Celebrar com os Jovens – Rumo à JMJ 2023” (25-28 de julho de 2022), o Simpósio do Clero sobre “Identidade relacional e Ministério sinodal do Presbítero” (29 de agosto a 1 de setembro de 2022), Jornadas Nacionais de Comunicação Social ligadas à Jornada Mundial da Juventude, a 22-23 de setembro de 2022, o Congresso Missionário Fraternidade sem fronteiras sobre o Diálogo Inter-religioso (14-15 de outubro de 2022. Participaram também na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal a irmã Maria da Graça Guedes e o padre Pedro Fernandes, presidente e vice-presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal(CIRP), e nova Presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP), Alzira do Carmo Santos, do Instituto Servas do Apostolado. Nesta Assembleia, os bispos aprovaram ainda o Relatório de Contas de 2021 do Secretariado Geral da CEP e o Calendário de Atividades da CEP para 2022-2023. |