Igreja/Portugal: Bispo do Porto diz que país consegue superar crise desde que não «apertem demais»

D. Manuel Clemente gostaria que responsáveis da «troika» ouvissem instituições católica que contactam com os problemas no terreno

Fátima, Santarém, 15 nov 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que o país tem capacidade para superar a atual crise, mas defendeu que é preciso ouvir as pessoas, incluindo as instituições católicas.

“Somos um povo muito capaz de responder aos desafios, temos quase mil anos de comprovação disso mesmo, e se formos mobilizados e esclarecidos nós respondemos. Mas não apertem demais, porque nós precisamos de respirar”, disse D. Manuel Clemente, na conferência de imprensa conclusiva da 180ª assembleia plenária da CEP, que decorreu desde segunda-feira.

O prelado tinha sido questionado sobre o que diria aos responsáveis da ‘troika’ enquanto ‘homem da cultura’.

O bispo do Porto entende que seria “bom” que os responsáveis da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional escutassem “todas as forças culturais e sociais” para levar em conta a “pluralidade” da realidade portuguesa.

D. Manuel Clemente aludiu, em particular, ao “vastíssimo mundo das instituições de solidariedade social”, muitas delas ligadas à Igreja Católica, “que estão no terreno, na resposta e no conhecimento prático das situações”.

O comunicado final da assembleia da CEP, hoje divulgado, destacou a “importância da explicação, clara e prévia, das medidas que se tomam e das razões que as determinam”.

“Uma sociedade tem de ser pedagógica, da parte daqueles que têm maiores responsabilidades”, observou o bispo do Porto, em declarações aos jornalistas.

D. Manuel Clemente admitiu que a “complexidade dos problemas” é de tal ordem que não haja um “entendimento claro”, limitando-se os decisores nacionais e internacionais a uma “navegação à vista”.

“É difícil fazermos previsões de médio prazo, quanto mais de longo prazo, mas nós precisamos disso, para saber se é consistente o caminho, se é por aqui que temos de ir, se se sacrifica hoje para ganhar amanhã”, declarou.

O vice-presidente da CEP assevera que não é suficiente indicar às populações que as medidas tomadas são “inevitáveis”: “É preciso dizer quais, porquê, até quando e para levar aonde?”.

No comunicado final, a assembleia do episcopado apelou a uma “justa aplicação das medidas com vista à recuperação da economia e finanças, em que sejam poupados os que já vivem sob o peso de asfixiante austeridade”.

A este respeito, D. Manuel Clemente sustentou que “a justiça, como virtude básica, deve orientar qualquer sociedade que se queira como tal, para dar a cada um o que lhe é devido: ter na primeira linha o apoio àqueles que mais precisam de ser apoiados e pedir a quem tem que contribua em maior grau para as necessidades de quem mais precisa”.

OC

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