Moita, Setúbal, 13 jul 2014 (Ecclesia) – O padre Sílvio Couto, diretor do Apostolado do Mar, alerta para a necessidade de repensar-se a dinâmica deste setor e relembra que “em Portugal dois terços das dioceses têm água”.
“Nos últimos 10 anos os padres que estavam que estavam no Apostolado a nível nacional, mudaram quase todos. Neste momento estaremos a passar por uma fase de revitalização”, revela o diretor Nacional do Apostolado do Mar (AM) à Agência ECCLESIA.
O padre Sílvio Couto assinala a importância do trabalho do Apostolado com o facto de, em Portugal, “dois terços das dioceses” precisarem de “sensibilidade e a atenção ao específico da água”.
O responsável considera “concretamente importante” que nas nomeações dos padres para paróquias “de âmbito marítimo” os bispos indiquem padres com “mentalidade marítima, que saibam ler a realidade marítima que é muito diferente da realidade da terra, de sequeiro”.
“Algo terá de ser repensado”, adianta o padre Sílvio Couto que revela que “a curto prazo” vão ter “uma formulação mais estável, em consonância com o bispo desta área, D. António Vitalino” (membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana e bispo de Beja).
Em Portugal, “a fé com sabor a sal” (frase de um bispo francês) está presente em 11 localidades: Vila Praia de Âncora; Caxinas em Vila do Conde, Aveiro com presença em Buarcos e Nazaré, Peniche, Sesimbra; Setúbal em São Sebastião e na Anunciada, e Fuzeta, no Algarve.
Segundo o sacerdote, o único centro Stella Maris, “com total propriedade”, é o de Matosinhos/Leça que “não está vinculado a nenhuma paróquia” mas “ao serviço e próximo do centro de Leixões”.
“Em grande parte é uma realidade paroquial, por isso está muito oscilante com a vida da paróquia. Nalgumas situações são as pessoas ligadas ao AM que dinamizam festas relacionadas com santos ou santas com expressão marítima”, desenvolve o responsável que pretende que o Apostolado do Mar tenha uma intervenção mais ativa e não seja apenas “um patrocinador de festas religiosas”.
“Dois terços das dioceses têm água, quer seja de rio ou mar, e isso muitas não se percebe na organização pastoral das paróquias. É uma lacuna urgentíssima de ser corrigida”, acrescenta o sacerdote que considera estarem em “risco de ficarem truncadas” procissões e expressões religiosas “por haver sempre interesses de associações que se intrometem e não exprimem bem a realidade de um povo marítimo”.
Segundo dados que o diretor do Apostolado do Mar disponibilizou, “por estes dias”, 32, 5 milhões de toneladas de comércio foram transacionados em 6 portos portugueses”: “Muito do que temos à mesa ou no nosso mundo do trabalho tem passado pelo mar onde os portugueses têm por natureza uma grande vivência e uma grande capacidade de entendimento”.
O Apostolado do Mar, com mais de 90 anos surgiu na Escócia em 1904, “dá testemunho da misericórdia da ternura do Senhor anunciando o Evangelho nos portos de todo o mundo”, destaca o padre Sílvio Couto da mensagem, do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes (Santa Sé), para o Dia Mundial do Mar que se celebra hoje, “o mais próximo da festa de Nossa Senhora do Carmo, entendida como a padroeira do Apostolado do Mar”.
CB