Igreja/Política: Presidente da República condecora D. Manuel Martins pela vida de «serviço aos outros» e ao «Evangelho da libertação»

Insígnias da Grã-Cruz da Ordem da Liberdade foram entregues ao sobrinho

Lisboa, 05 out 2017 (Ecclesia) – O presidente da República condecorou hoje, a título póstumo, D. Manuel Martins com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade para distinguir uma vida de “serviço aos outros” e ao “Evangelho da libertação”.

Marcelo Rebelo de Sousa disse que se trata de um “galardão merecido por uma vida de serviço aos outros, em particular os mais sacrificados e sofredores na sua diocese durante um quarto de século”.

O presidente da República sublinhou a “coragem”  a “disponibilidade” de D. Manuel Martins e a sua “capacidade de doação e de aceitação do imperativo ético e religioso de viver o evangelho da libertação”.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu na cerimónia de entrega das insígnias da Grã-Cruz da Ordem da Liberdade a D. Manuel Martins que tinha intenção de atribuir a mesma Ordem há um ano.

“Só o não fiz em homenagem à primazia que entendi devida ao seu mestre, Senhor D. António Ferreira Gomes”, lembrou o presidente da República, que condecorou o antigo bispo do Porto no dia 25 de abril último.

As insígnias da Grã-Cruz da Ordem da Liberdade foram entregues ao sobrinho de D. Manuel Martins, Arnaldo Cerqueira, numa cerimónio que distinguiu também António Barreto e, a título póstumo, Maria de Lurdes Pintassilgo.

“Três personalidades a quem Portugal tanto deve”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa.

A Ordem da Liberdade é uma ordem honorífica portuguesa que se destina a distinguir “serviços relevantes prestados em defesa dos valores da Civilização, em prol da dignificação da Pessoa Humana e à causa da Liberdade”.

Este domingo, no final da Missa de sétimo dia do falecimento de D. Manuel Martins, o presidente da República realçou que o prelado “corporizou sem limite” a atenção pelos “pobres e injustiçados”.

No dia do falecimento do primeiro bispo de Setúbal, Marcelo Rebelo de Sousa publicou uma mensagem que evocava um homem “sempre atento à luta pela liberdade”.

“O senhor Dom Manuel Martins, representou, para a Igreja Portuguesa, a projeção da linhagem do senhor Dom António Ferreira Gomes no mundo do trabalho, em áreas sociais particularmente complexas, sempre atento à luta pela liberdade contra a opressão e pela igualdade contra a injustiça. Em homenagem ao princípio da dignidade da pessoa”, escreveu.

D. Manuel Martins, primeiro bispo de Setúbal, faleceu no Distrito do Porto, de onde era originário, aos 90 anos de idade.

“O Presidente da República evoca, com saudosa e respeitosa amizade, uma personalidade singular, que tudo fez na sua vida para contribuir para um Portugal mais livre e mais justo, e, por isso, mais democrático”, concluía a mensagem de condolências.

D. Manuel Martins foi o primeiro bispo nomeado para a então recém-criada Diocese de Setúbal, onde iniciou o seu ministério episcopal no dia 26 de outubro de 1975.

O falecido bispo nasceu a 20 de janeiro de 1927, em Leça do Balio, concelho de Matosinhos; foi ordenado sacerdote em 1951, após a formação nos seminários do Porto, seguindo-se a frequência do curso de Direito Canónico na Universidade Gregoriana, em Roma.

Pároco da Cedofeita, no Porto, entre 1960 e 1969, D. Manuel Martins foi nomeado vigário-geral da diocese nortenha em 1969, antes de seguir para Setúbal.

No dia 23 de abril de 1998, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo.

O bispo emérito foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Cristo, durante as comemorações do 10 de junho de 2007, em Setúbal, e com o galardão dos Direitos Humanos da Assembleia da República, a 10 de dezembro de 2008.

CB/OC/PR

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