Igreja/Política: «A participação dos católicos, procurando cristianizar os seus próprios campos políticos, é importante» – José Ribeiro e Castro

José Leitão acrescenta que é importante ouvir os debates «para esclarecer, para perceber um pouco melhor os projetos dos diferentes partidos» candidatos às legislativas 2024

Lisboa, 19 fev 2024 (Ecclesia) – José Leitão e José Ribeiro e Castro, católicos, advogados e políticos  destacam a importância de cada crente senenvolver na política, conhecer os programas dos partidos às eleições legislativas e ter opinião.

“A participação dos católicos, dos cristãos, procurando de alguma forma cristianizar os seus próprios campos políticos é um aspeto importante. E faz-se, sem dúvida nenhuma, ou tem que se fazer sem dúvida nenhuma, em amor pelos outros, em serviço aos outros. É uma atitude de dádiva aos outros”, disse José Ribeiro e Castro, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O ex-presidente do CDS-PP salienta que política é “o mais nobre serviço público que se pode fazer”, infelizmente, às vezes, “estragado por alguns dos seus protagonistas”, mas é uma “entrega total ao serviço dos outros e a introdução dos valores, dos princípios, das ideias que cada um defende e o seu grupo político”.

Já José Leitão, membro fundador do Partido Socialista (PS), afirmou que os cristãos “não são espetadores a observar e a comentar a qualidade da democracia”, não podem ser treinadores de bancada, mas têm que ir a jogo, têm que se empenhar, porque “é também disso que depende a qualidade da democracia”.

O presidente da República marcou as eleições legislativas para o próximo dia 10 de março, decorrente da demissão do primeiro-ministro António Costa, a 7 de novembro de 2023, e posterior dissolução da Assembleia da República, decretada oficialmente a 15 de janeiro; neste momento, estão a decorrer os debates televisivos.

“É importante ouvir os debates para esclarecer, para perceber um pouco melhor os projetos dos diferentes partidos, das diferentes forças políticas que se apresentam às eleições e também para perceber melhor as pessoas, os protagonistas, porque os debates também ajudam a perceber muito bem os protagonistas”, salientou José Leitão.

Este entrevistado tem acompanhado os atuais debates e afirma que tem sido “muito interessante para perceber melhor as razões”, por exemplo, da não identificação com forças políticas e, ao mesmo tempo, para “perceber melhor”, relativamente a outras pessoas, protagonistas, “os aspetos positivos das suas propostas, independente de não as sufragar no essencial”.

Foto LUSA/André Kosters

José Ribeiro e Castro acrescenta que “estes debates são bastante úteis” e afirma que se “um eleitor se cansa, então cansa-se a democracia”, observando as pessoas não podem, por um lado, queixar-se que não há debate e, depois, queixar-se que “há debate a mais”.

“O que muitas vezes os programas nos permitem perceber são os critérios e as pessoas podem não ser um especialista de orçamento ou política de Direito Penal ou política de educação, mas conseguem perceber os critérios, as pessoas conseguem perceber bem os critérios que guiam uns e outros e, depois, também consegue perceber se as pessoas estão a falar a verdade, estão a entregar-se à causa pública ou se estão a manipular e, portanto, essas são as questões fundamentais”, desenvolveu.

José Leitão observa que na história dos países “há momentos de maior participação” nas eleições e outros que “não são tão intensos”, mas, “é muito importante que, em todos os momentos, os cidadãos estejam atentos porque “correm o risco de fazer opções erradas”, a democracia constrói-se “todos os dias” e a sua “qualidade depende da maior ou menor participação dos cidadãos e da sua atenção”.

José Ribeiro e Castro afirmou que “ninguém quer voltar atrás” e destacou que mesmo nas “propostas mais radicais” não aparece a proposta de “implementar um regime autoritário, isso está fora da cogitação e da realidade”, no Programa ECCLESIA transmitido hoje, na RTP2.

José Leitão lembrou positivamente a posição assumida pelos bispos portugueses antes do 25 de abril, como a Carta Pastoral de abril de 1973, no 10º aniversário da Encíclica ‘Pacem in Terris’, do Papa João XXIII (11 de abril de 1963), e, na atualidade, os documentos “fundamentais” do Papa Francisco, as cartas encíclicas ‘Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum, e ‘Fratelli tutti’, sobre a fraternidade e a amizade social.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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