Sacerdote de Braga alerta que se mimetizou o que faz «no físico» e alerta para os excluídos numa «nova tecnologia»
Fátima, 25 out 2021 (Ecclesia) – O padre Luís Miguel Figueiredo Rodrigues, da Arquidiocese de Braga, disse em Fátima que a catequese como “ação evangelizadora da Igreja” tem de responder aos desafios que a Igreja tem no geral mas a “integração do específico do digital está a custar”.
“A maior dificuldade que a pandemia evidenciou é que no digital mimetizamos o que fazemos no físico, e não tiramos partido das possibilidades que o digital nos oferece”, disse o sacerdote em declarações à Agência ECCLESIA, nas Jornadas Nacionais de Catequistas que decorreram entre sábado e domingo.
Segundo o especialista, professor da Universidade Católica Portuguesa, a “integração do específico do digital está a custar” mas compreende-se porque é uma “tecnologia nova, é uma realidade nova” e as pessoas são “autodidatas”.
“O tempo, estou em crer, e, certamente, foi assim em tecnologia anteriores, por exemplo, os primeiros livros que se escreveram eram diálogos, era assim que falávamos uns com os outros e partilhávamos conhecimento. Depois passou a ser um estilo de escrita que é mais narrativa, que é aquela que temos hoje”, acrescentou o responsável pelo setor da Educação Cristã na Arquidiocese de Braga.
O padre Luís Miguel Figueiredo Rodrigues refletiu sobre ‘a cultura digital e o desafio evangelizador para as comunidades cristãs’ nas Jornadas Nacionais que reuniram de 500 catequistas, de todas as dioceses portuguesas, em Fátima.
À Agência ECCLESIA, o sacerdote afirmou que o “grande desafio” que o digital traz é evidenciar uma lacuna que é o “sentido de comunidade”, porque uma pessoa pode pertencer a uma comunidade porque celebra ali o domingo mas “o resto da vida não interage com aquela comunidade”.
“Penso que o digital evidencia que, efetivamente, a nossa presença comunitária e os elos que nos unem e nos consolidam têm que ser reforçados. O digital, com as redes sociais digitais, devidamente utilizadas pode ser, e é, um excelente recurso”, realçou.
O padre Luís Miguel Figueiredo Rodrigues também alertou, por exemplo para os excluídos digitais, e recordou que sempre que existe uma “nova tecnologia” há os excluídos: “Porque não a podem adquirir, porque não têm capacidade de aprender a utilizar, ou porque simplesmente não querem”.
“Se há coisa que nos caracteriza como cristãos é integrarmos todas as pessoas, por muito que esteja em voga, por muito que seja mais acessível, e até economicamente mais fácil, temos que manter sempre recursos e ofertas que integrem todas as pessoas”, salientou.
Neste contexto, o sacerdote e professor universitário exemplificou que quando a Igreja passou a utilizar os “boletins paroquiais” não deixou de “fazer os avisos importantes no fim da Eucaristia”, porque havia pessoas que não eram capazes de os ler.
“Ou seja, as duas realidades mantiveram-se juntas, houve uma convivência, neste momento não podemos pensar no digital excluindo aqueles que por algum motivo não têm acesso”, concluiu.
As Jornadas Nacionais de Catequistas, promovidas pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), tiveram como tema ‘Sinodalidade e Catequese’.
CB/OC