Igreja: Os sacerdotes têm de ser «lavadores de pés» – Cardeal O’Malley

Arcebispo de Boston apresenta o perfil do padre, na atualidade, e afirma a “prioridade” da proteção dos menores

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Lisboa, 18 abr 2019 (Ecclesia) –  O arcebispo de Boston afirmou que os sacerdotes têm de ser “amigos” e “lavadores de pés”, seguindo o exemplo de Jesus na Última Ceia, disse que é “muito difícil” pregar e que um padre tem de “rezar e trabalhar muito”.

Para o cardeal D. Seán O’Malley, a celebração de Quinta-feira Santa e a memória da instituição da Eucaristia recorda o discurso de despedida de Jesus, onde afirma que “os seus discípulos, apóstolos, têm de ser amigos” e “também lava os pés dos apóstolos, para ensinar-lhes como amar-se, mutuamente”.

“As caraterísticas que Jesus quer nos seus sacerdotes são que sejam amigos e lavadores de pés”, diz o arcebispo de Boston numa entrevista à Agência ECCLESIA que vai ser emitida hoje, na RTP2, às 15h00.

D. Seán O’Malley sublinhou que “a Igreja é eucarística”, instituída na Quinta-feira Santa “cujo caminho é sempre o sacerdócio”.

Para o arcebispo de Boston, que preside à Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores, da Santa Sé, é necessário ajudar os sacerdotes a “celebrar a sua identidade”, garantir que a Igreja tem por “prioridade a proteção de menores e a prevenção do abuso sexual” e “assegurar ao mundo que o sacerdócio é um instrumento de Cristo, um dom muito especial que temos recebido, como Igreja, como comunidade de fé”.

O cardeal O’Malley publicou recentemente em Portugal, pela Paulinas Editora, o livro ‘Procura-se amigos e lavadores de pés’, onde reúne as meditações realizadas ao bispos de Portugal no seu retiro anual, que decorreu em Fátima, e apresenta o perfil do sacerdócio, nos dias de hoje.

“Como digo no livro, Jesus passou 10 vezes mais tempo em Nazaré, na sua vida contemplativa, do que em Cafarnaum, que representa a sua pastoral, digamos, o seu ministério público. O sacerdote tem de viver com um pé em Nazaré – vida de oração, fraternidade, Eucaristia, Bíblia – e outro pé em Cafarnaum, praticando essa proximidade”, referiu.

D. Seán O’Malley considera que a homilia é a “arena principal” do martírio sacerdotal porque é “muito difícil pregar” a quem está “acostumado à televisão.

“É importante preparar não só o texto da homilia mas também os nossos corações, para partilhar com o nosso povo a fé, a nossa experiência, as nossas lutas interiores, para que eles saibam que estamos a acompanhá-los”, sustenta.

“Só trabalhando e rezando muito conseguiremos cumprir a nossa missão de sacerdotes”, disse o arcebispo de Boston, acrescentando que “um padre tem de trabalhar muito, mas tem de trabalhar em equipa”.

A entrevista ao arcebispo de Boston, cardeal D. Seán O’Malley, é emitida no programa Ecclesia desta Quinta-feira Santa, às 15h00, na RTP2.

PR

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