Igreja no Uganda saúda cessar-fogo

Emergência humanitária exige soluções de paz para o país A Igreja Católica no Uganda espera que o recente cessar-fogo decretado pelo presidente Musuveni e o Exército de Resistência do Senhor (LRA) seja um primeiro passo para a paz. “Agradecemos este o passo importante para a paz, pedindo aos responsáveis políticos e à comunidade internacional que esta nova iniciativa leve realmente à paz”, disse D. John Baptist Odama, Arcebispo de Gulu, uma das vozes que há mais tempo denuncia a crise humanitária que se vive na região. O prelado falava à agência do Vaticano para o terceiro mundo, a Fides. O anúncio do cessar-fogo é a resposta do governo ao convite para uma negociação de paz, lançado por um porta-voz do LRA. Formado sobretudo por membros da etnia “Acholi”, o LRA combate desde 1989 contra o actual Presidente, Yoweri Museveni, que assumiu o poder em 1986 derrubando uma junta militar. Os ex-militares “acholi”, refugiados no Sudão, fundaram diversos movimentos de guerrilha, entre os quais, o LRA. A guerra civil que opõe o exército do Governo aos rebeldes do Exército de Libertação do Senhor (LRA) chefiado por um cristão fanático, Joseph Kony, continua a devastar a região habitada sobretudo pela população “acholi”. No Uganda setentrional a guerrilha do LRA – que surgiu em finais dos anos 80 – provocou mais de 100 mil mortos numa população de um milhão e 400 mil habitantes de etnia “acholi” e “lango”, e quase um milhão de desalojados que vivem em condições dramáticas devido à falta de alimentos, água e medicamentos. Por causa da guerra, terão sido raptadas mais de 20.000 crianças, além de se terem registado muitos outros actos de violência contra missionários e igrejas. Recentemente, o secretariado da ONU para os Assuntos Humanitários denunciou que o Norte do Uganda é palco de “uma desgraça humanitária de enormes proporções”. Mais de 90 por cento da população do Norte do país está fora das suas casas e terras. Para as Nações Unidas, esta é mesmo a “maior emergência ignorada, e a maior crise de negligência humanitária do mundo”. Em Março deste ano, a Santa Sé enviou ao país o cardeal Javier Lorrano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, que se manifestou “chocado” com a situação no Norte do Uganda, após uma visita aos hospitais católicos de Gulu, Kalongo e Kitgum. João Paulo II tem lançado repetidos apelos à paz no país, o último dos quais em Julho, quando lembrou que “há mais de 18 anos que o Norte do país é atingido por um conflito desumano, que envolve milhões de pessoas, sobretudo crianças, muitas delas amordaçadas pelo medo e privadas de futuro – sentem-se obrigadas a ser soldados”. “Dirijo-me à comunidade internacional e aos responsáveis políticos nacionais para que se ponha termo a este trágico conflito e se ofereça uma perspectiva real de paz a toda a população ugandesa”, acrescentou. A guerra esquecida • Uganda

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