Igreja: «Nesta Quaresma pensemos como podemos ser minimalistas» – CNJP

Comissão Nacional Justiça e Paz divulga reflexão para o tempo de preparação para a Páscoa, alertando para o “deserto” em que se está a transformar o “jardim do Éden”

Lisboa, 26 fev 2019 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) publicou hoje a reflexão Quaresmal de 2019 onde apresenta sete propostas de respeito e conversão pela criação, desafiando a atitudes “minimalistas” no tempo de preparação para a Páscoa.

O documento da CNJP lembra que “minimalismo” é uma palavra nova entre “pessoas que já se cansaram do consumismo desenfreado e agora prestam um pouco mais de atenção a coisas que o dinheiro não pode comprar, como a satisfação com a vida e a felicidade”.

“Nesta Quaresma prestemos atenção a esta palavra e pensemos como podemos ser ‘minimalistas’”, sugere a CNJP.

“Fazer a Páscoa” é o título do documento da CNJP, que refere a “força inspiradora” da encíclica “Laudato Sí” para a Quaresma, um tempo a “não desperdiçar”, fazendo de um itinerário de 40 dias uma oportunidade para trabalhar para a “Páscoa da criação”, começando por indicar a necessidade do respeito pela criação.

“Vivemos na permanente ameaça das alterações climáticas causadas pela sofreguidão dos homens e das mulheres. Quem paga são os mais pobres, os menos protegidos, os mais vulneráveis. Estamos a transformar o jardim do Éden num deserto”, afirma a CNJP.

A partir da mensagem do Papa para a Quaresma, a CNJP indica a segunda proposta para o tempo de preparação para a Páscoa sugerindo a necessidade de “balancear” a importância do individual e do coletivo, afirmando que é necessário “ultrapassar ‘comportamentos destruidores do próximo e das outras criaturas’”.

“O ‘Outro’ compele-me, responsabiliza-me, ajuda-me a descentrar de mim próprio”, afirma o documento, desafiando à partilha, ao “dar esmola” para “sair da insensatez” de quem vive e acumula tudo para si.

A CNJP lembra depois a comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, sublinhando que “não há direitos sem responsabilidades”, traduzidas na “atenção desvelada ao outro” e na “solidariedade”.

A Comissão Nacional Justiça e Paz alerta também para o “fechamento de fronteiras” na Europa, isolando-se em “muralhas intransponíveis” e o “reacendimento de movimentos nacionalistas”, propondo o valor da “hospitalidade” como alternativa, o que “implica receber o outro como igual”.

“Criemos cadeias de solidariedade includentes, abertas aos migrantes, aos refugiados que buscam uma vida melhor e mais segura”, afirma.

“Participemos na política, mas de um modo diferente, porque, enquanto cristãos, queremos ser responsáveis pelo bem comum, pela partilha de bens e recursos, pela salvaguarda do interesse colectivo”, indica depois a CNJP, rejeitando a corrupção que “mina qualquer sociedade democrática”.

Na última das sete propostas para o tempo da Quaresma, a CNJP convida a “entrar no deserto”, a “saborear o silêncio”, “parar para contemplar” e para permanecer em atenta escuta”

“O Papa convida-nos a ‘restaurar a nossa fisionomia e o nosso coração de cristãos, através do arrependimento, da conversão e do perdão’, conclui a CNJP.

Comissão Nacional Justiça e Paz é um organismo laical da Igreja Católica que tem por finalidade promover e defender os ideais da justiça e da paz, à luz do Evangelho e da doutrina social da Igreja.

PR

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Agência ECCLESIA

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