Igreja na Venezuela pede transparência nos resultados do referendo

Governo de Chávez criticou os bispos do país por insistirem na ideia de fraude eleitoral O presidente da Conferência Episcopal da Venezuela (CEV), D. Baltazar Porras, reconheceu que ainda existem muitas dúvidas entre a população por causa dos resultados do referendo revogatório de Domingo –que deu a vitória ao presidente Hugo Chávez- e pediu às autoridades transparência total no processo. D. Porras lembrou que “é sabido por todos que ao longo destes últimos anos são muitos os problemas” sobre o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o órgão que por lei deve dar garantia e transparência às votações. O arcebispo de Mérida anunciou a Igreja Católica no seu país pedirá “caminhos de reconciliação e reencontro dos venezuelanos, para dissipar todas as dúvidas que acompanharam a sociedade venezuelana e um bom sector da população ao longo destes últimos anos”. Para este prelado, o referendo não deve significar só “o triunfo de uma parte sobre a outra, e sim a possibilidade da reconciliação do país” e manifestou a sua preocupação “porque o futuro não parece ser de paz e tranquilidade, mas sim de maior instabilidade”. Já o vice-presidente da CEV, D. Jorge Urosa Savino, precisou às autoridades nacionais que as mensagens dos bispos sobre o referendo não fazem da Igreja um “actor partidário” e acrescentou que não se calarão porque não podem ser indiferentes ao sofrimento do povo. “A Igreja Católica não é partidarista, somos os pastores, servidores, mestres de todo o povo venezuelano, independentemente de sua simpatia política. Somos imparciais, mas isto não quer dizer que sejamos indiferentes ao sofrimento, ao problema da violência, ao problema do desemprego, à exclusão”, assinalou também o arcebispo de Valência. Embora não abordoando as críticas do vice-presidente venezuelano José Vicente Rangel contra o Cardeal Rosalío Castillo Lara, quem denunciou uma fraude no plebiscito de Domingo, o Arcebispo Urosa insistiu que “os membros da Igreja Católica não são actores políticos no sentido partidarista, ou que estejam parcializados, não somos nem do governo nem da oposição”. O Arcebispo pediu que “se enterre a violência política que se prolongou excessivamente e que enluta a famílias venezuelanas”. Neste momento, a oposição venezuelana recusa-se a participar na auditoria aos resultados do referendo de domingo que confirmou Hugo Chávez na presidência, por discordar do método utilizado. O CNE tenciona proceder à auditoria a partir de hoje, considerando uma amostra aleatória de boletins de voto depositados em 150 mesas de voto (máquina automática e urna), anunciou terça-feira o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, um dos observadores internacionais. A oposição denunciou uma “fraude electrónica maciça” no referendo de que Hugo Chávez saiu vitorioso, com 58,2 por cento dos votos para o “Não” à revogação do seu mandato presidencial, contra 41,7 para o “Sim”.

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