Diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais assinala celebração anual dedicada ao setor
Lisboa 27 mai 2022 (Ecclesia) – A diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais sublinhou que a “suspeita e desconfiança” instalada nas relações sociais e no mundo dos media exige, por parte da Igreja Católica, uma resposta baseada na “verdade e transparência”.
“A suspeição e desconfiança fazem parte da nossa forma de estar na vida e também aqui, na questão da Comunicação Social e na questão da Comunicação Social da Igreja, se instalou com todo o à-vontade”, refere Isabel Figueiredo, em entrevista conjunta à Agência ECCLESIA e Renascença, por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que a Igreja Católica celebra este domingo.
Questionado sobre a cobertura mediática dos casos de abusos sexuais, a responsável destaca que a Igreja “tem trabalhado a questão” e “tem feito o melhor que é capaz”.
“As coisas continuam a acontecer. Isto é assustador, mas não temos outra alternativa senão falar sobre as coisas com verdade e transparência”, sublinha.
Isabel Figueiredo deseja que o trabalho desenvolvido neste campo ajude toda a sociedade a enfrentar o problema.
“Aquilo que nós queremos é, claramente, encontrar culpados e pedir perdão às vítimas, isso em absoluto”, acrescenta.
“Escutar com o ouvido do coração” é o tema da mensagem do Papa Francisco para o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra hoje.
A entrevistada refere que o texto convida a uma “introspeção de crítica”, para reconhecer o que está a ser feito pelos profissionais dos media e o que ainda pode melhorar.
“Todos os dias, olhamos para os ecrãs da televisão e ouvimos na rádio o trabalho de quem está completamente desinstalado, sem saber o que é que será o dia de hoje, quanto mais o dia de amanhã”, indica, a respeito das reportagens sobre a guerra na Ucrânia.
A diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais destaca que, a nível interno, é preciso “contar com quem está no terreno” e superar a tentação de “fazer as coisas sentados à secretária”.
A sessão comemorativa deste dia decorreu na Universidade Católica Portuguesa, com alunos do curso de Comunicação Social, para destacar a importância de “uma passagem de geração”, que passa por “formar novos jornalistas – homens e mulheres, rapazes e raparigas – que querem efetivamente fazer desta área de trabalho na informação algo de sério e de responsável, capaz de ser transformador”.
“Estamos interessados em abrir esta janela aos mais novos”, aponta Isabel Figueiredo, elogiando a “diversidade e a riqueza do que se faz localmente”.
A responsável defende a necessidade de contar “boas histórias” e assume preocupação com a “viabilidade” de vários títulos da imprensa cristã, face ao atual cenário de crise.
“Têm de ser as próprias pessoas a defender aquilo que têm e nós, que estamos às vezes com um olhar mais de fora, temos de ter respeito e consideração para defender aqueles projetos”, aponta.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)
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