Igreja: Manuela Silva destaca capacidade que o Papa João XXIII teve para construir «pontes» e «romper fronteiras»

Antiga presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz abordou canonização de Angelo Roncalli, marcada para o próximo domingo

Lisboa, 22 abr 2014 (Ecclesia) – A antiga presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Manuela Silva, diz que a canonização do Papa João XXIII vai fazer justiça a um homem que “abriu novos horizontes não só à Igreja mas ao mundo”.

Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, na antecâmara da cerimónia que vai ter lugar este domingo no Vaticano, a economista destaca a capacidade que Angelo Roncalli (1881-1963) sempre demonstrou para construir “pontes” entre as pessoas e a forma humilde como assumiu a sua missão na Igreja.

“Quando foi eleito, uma das frases que ele utilizou foi esta de se apresentar como servo dos servos de Deus, e nos seus relacionamentos essa virtude estava sempre presente, por isso tinha uma grande popularidade entre o povo”, recorda Manuela Silva.

Outra das mensagens que o Papa italiano procurava passar era a necessidade das pessoas olharem mais “para aquilo que as une” do que “para aquilo que as divide”.

Na opinião da antiga líder da CNJP da Igreja Católica, entre 2006 e 2008, estas qualidades foram decisivas para que “João XXIII, eleito já com bastante idade, quase com 80 anos” tenha-se assumido não como “um Papa de transição, como inicialmente se tinha pensado” mas como “um Papa que abriu novos horizontes não só à Igreja mas também ao mundo daquela época”.

Angelo Giuseppe Roncalli, João XXIII, beatificado por João Paulo II em setembro de 2000, nasceu em 1881 na localidade de Sotto il Monte, Bérgamo, onde foi pároco, professor no Seminário, secretário do bispo e capelão do exército durante a I Guerra Mundial.

Em 1925 iniciou uma carreira diplomática como visitador apostólico na Bulgária e 10 anos depois foi nomeado delegado apostólico na Grécia e Turquia, cargo que desempenhou até 1944, data em que foi para França trabalhar como Núncio Apostólico da Santa Sé.

Para Manuela Silva, foi este percurso que deu a Angelo Roncalli a capacidade de “romper fronteiras”, o facto de ter contactado com “o mundo real”, na altura marcado “pelos horrores da guerra”, e com pessoas dos mais diversos quadrantes sociais, culturais e religiosos.

Uma caminhada que prosseguiu depois com o desempenho do cargo de patriarca de Veneza, a partir de 1953 e que, na opinião da economista, foi também essencial para a “abertura de espirito” que o Papa natural de Bérgamo revelaria depois, no decurso do seu pontificado, entre 1958 e 1963.

Depois de suceder a Pio XII, Angelo Roncalli convocou o Concilio Vaticano II e publicou oito encíclicas, entre elas a ‘Mater et Magistra’ e a ‘Pacem in Terris’”.

Esta entrevista com Manuela Silva, inserida no âmbito das canonizações de João XXIII e de João Paulo II, vai poder ser acompanhada esta noite, no Programa ECCLESIA na Antena 1, a partir das 22h45.

A canonização, ato reservado ao Papa, é a confirmação, por parte da Igreja, de que um fiel católico é digno de culto público universal (no caso dos beatos, o culto é diocesano) e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

SN/JCP

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top