A Igreja Católica na Itália defende o seu “direito e dever de intervir em temas de grande relevância moral, como a vida, a família, a justiça e a solidariedade”, respondendo assim a críticas de vários sectores da sociedade, que não admitem pronunciamentos eclesiais sobre assuntos “não-religiosos”. O caso mais recente liga-se ao fracassado referendo sobre a procriação medicamente assistida, em que o episcopado italiano apelou à abstenção para que a votação não tivesse efeitos vinculativos, o que veio a acontecer. O secretário da Conferência Episcopal Italiana (CEI), D. Giuseppe Betori, afirmou que a “os Bispos continuarão a falar serenamente, como pede o Evangelho. O Cardeal Camillo Ruini, presidente da CEI, foi vaiado por um grupo de jovens, no passado sábado, durante um discurso. O organismo episcopal tem uma posição claramente contrária à proposta das Uniões Civis (Pacs), as quais serão incluídas pelo líder da oposição italiana, Romano Prodi, no seu programa para as eleições da primavera de 2006. “A Igreja não se deixará intimidar”, avisou D. Betori. Para a CEI, as declarações dos Bispos “não têm de ser consideradas uma interferência ou ingerência na vida do país”. Os Bispos italianos acreditam que o debate sobre as uniões de facto e as uniões homossexuais corre o risco de “esconder outra problemática que não pode ser esquecida: há anos que faz falta, na Itália, uma política para a família fundada no matrimônio”, afirmou D. Betori. O porta-voz da CEI afirmou que “os Bispos consideram inaceitável” um reconhecimento jurídico das uniões civis e que o Conselho Permanente do organismo episcopal foi “unânime” no apoio às posições do Cardeal Ruini. “Os Bispos pedem respeito pela instituição familiar fundada sobre o matrimónio, no espírito da jurisprudência constitucional, pela que a convivência more uxorio não pode ser assimilada à família, não necessitando de ser tratada da mesma maneira”, afirmam os prelados italianos.
