Igreja: Irmã Ana Paula Conceição iniciou vida consagrada há 30 anos e continua a «sentir que vale a pena dar a vida por Jesus e pelos outros» (c/vídeo)

Igreja Católica celebrou Dia Mundial da Vida Consagrada

Porto, 02 fev 2024 (Ecclesia) – A irmã Ana Paula Conceição, religiosa das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, decidiu há 30 anos seguir o caminho da vida consagrada e diz que hoje continua a “sentir que vale a pena dar a vida por Jesus e pelos outros”.

“A verdade é que o empenho que fui tendo na vida cristã, principalmente quando fiz o Crisma, fez-me tomar consciência que a Igreja não é uma questão de pedras, é uma questão de pessoas vivas, concretas e com a ação”, conta a religiosa, que sente que Deus foi tocando a sua vida “de várias formas”.

Irmã Ana Paula Conceição

Em entrevista à Agência ECCLESIA, a propósito do Dia Mundial da Vida Consagrada, que hoje se celebra, a irmã Ana Paula Conceição considera que esta data é uma forma de recordar a vocação de vida que escolheu.

“É um apelo a não nos esquecermos que a nossa vida é consagrada, que todo o nosso ser, todo o nosso estar é consagrado todos os dias”, refere a irmã, que defende que o fundamental é assinalar “por toda a Igreja que há esta consagração e uma vida consagrada, mas há toda uma outra vida cristã que é chamada a viver na fidelidade”.

“É um momento importante de nós percebermos e recordarmos esta fidelidade que não é tanto nossa à consagração, mas é de Deus também para nós. E essa fidelidade de Deus para connosco e também de nós para esta consagração faz-se através do compromisso normal de cada dia”, destacou o padre Filipe Resende, missionário comboniano.

Questionada sobre como chegou à conclusão de que um dia viria a pertencer às irmãs franciscanas, a religiosa revela que desde cedo teve contacto com consagradas e que a consciência que foi tendo de que “a Igreja é feita de pessoas concretas e de realidades concretas”, levou-a a conhecer várias congregações.

Apesar disso, mantinha a ideia de casar e de ter a experiência de namoro, rejeitando a ideia de que um desgosto amoroso é que leva à vida religiosa: “Eu que acompanho jovens vejo isso, não dá certo. Porque depois o desgosto tem que se resolver. Mais do que na vida religiosa tem que se resolver na vida de cada um. E depois sim, pode ser, mas nunca será assim o princípio”.

Certo dia, a irmã Ana Paula Conceição foi pela primeira vez a um encontro, que calhou ser das irmãs franciscanas, em Gondomar: “Eu pensava claramente: ‘Senti-me aqui tão bem’. E não sabia explicar muito bem. E as irmãs eram franciscanas, e eu não conhecia Francisco de Assis, a verdade é esta, não tinha noção nenhuma”.

Cheguei a casa, vivia junto a um Carmelo de Vida Contemplativa, e falava muito com as irmãs, e a irmã disse: ‘Vais ler um livro de Francisco de Assis, vais ver que vais gostar’, e isso despertou-me muito. Eu li e pensei: ‘É este estilo, simples, alegre, pobre, fiel e descontraído ao mesmo tempo, mas uma presença em Igreja e como Igreja’”.

A partir daí, tudo se alinhou e aos 20 anos decidiu ver se aquele era realmente o caminho que a realizava.

“Quando tudo ficou mais ou menos resolvido, aos 20 anos resolvi fazer uma experiência. Era muito aquela coisa de vou ver se dá. E também não assumi com toda a gente, disse só a algumas pessoas, vou ver se dá. E a verdade é que já lá vão mais 30 anos, depois dessa decisão”, conta.

Padre Filipe Resende

Com o padre Filipe Resende, a história começou ainda aos 10 anos, quando um padre lhe disse: ‘Podias ser como eu’.

“Foi assim, meio uma brincadeira, mas eu recordo esse momento, tal e qual como se fosse, para mim, único, que não havia mais ninguém”, descreve o missionário, que olha para este instante como “toque de Deus”.

Num dia em que os missionários combonianos fizeram um dia “animação missionária” na aldeia em que residia, e no final da eucaristia, o padre Fernando, atual provincial dos missionários combonianos, perguntou: “Algum de vocês já pensou em seminário, em ser padre?”.

“E com aquela coisa de criança, de querer responder, eu então, respondi, ‘Eu’ como se fosse um coro, e pus o dedo no ar”, acrescenta.

“A partir daí, houve o contato com os missionários, conheci melhor os missionários, comecei a ir a encontros, e depois, no 9.º ano, entrei para o Seminário Menor, em Famalicão, e daí prossegui a minha vida até, depois, normal de formação, com altos e baixos, com dúvidas. E em 97 foi quando fiz a primeira profissão religiosa, portanto, também já são 30 anos, ou quase isso”, explicou.

Sobre a forma como hoje os jovens olham para a vida consagrada, a irmã Ana Paula não esconde que no pós-jornadas, “o tema essencial que os jovens sentiam necessidade de trabalhar era exatamente o discernimento vocacional”.

“E depois percebi a ideia a seguir, aprofundando o tema com alguns dos jovens mais responsáveis, a ideia era muito o discernimento vocacional como atitude de vida cristã, quer dizer, para o dia-a-dia. E depois diziam: ‘E alguns de nós até podem sentir o chamamento para outra coisa’, e eu pensei, muito bom, não ser eu a dizer, não sermos nós, irmãs, a dizer, o grupo de irmãs que estamos aqui, mas serem vocês a despertar para isto”, salientou.

As irmãs Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora divulgaram ontem um vídeo, onde falam da história da congregação e convidam a conhecer esta vocação.

A Igreja Católica celebra anualmente o Dia Mundial da Vida Consagrada, a 2 de fevereiro, festa litúrgica da Apresentação do Senhor.

LJ/OC

Quénia: Padre Filipe Resende partilha «sonho» missionário dedicado ao «desenvolvimento» e à «evangelização» (c/vídeo)

Jovens e a Igreja: Irmã Ana Paula Conceição do movimento Giofrater – Emissão 01-06-2017

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Agência ECCLESIA

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