Papa recebeu paroquianos de Milão a quem pediu para «caminharem juntos» com adultos, idosos e jovens
Cidade do Vaticano, 25 mar 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco pediu hoje aos paroquianos de Rho, uma paróquia de Milão, que vivam de portas e janelas abertas, disponíveis para acolher quem bate, e disse que uma comunidade “não se faz ao espelho”.
“A paróquia é um lugar abençoado, onde se vai para se sentir amado. Quem bate à porta das nossas igrejas e ambientes procura frequentemente, antes de mais nada, um sorriso de boas-vindas, procura braços e mãos abertas, olhos ansiosos por se encontrar e cheios de afeto. Se está no círculo paroquial, é para isto: abrir portas, abrir janelas, receber sempre com um sorriso. E não diga “não está na hora”. Abertura total: braços e mãos abertos, olhos ávidos de encontro e cheios de afeto. Este é o trabalho pastoral de uma paróquia. Na paróquia, cada pessoa carrega também o seu próprio fardo, para poder partilhá-lo com outra pessoa e aliviar o seu fardo, mas também para partilhar as coisas boas que ele contém!”, afirmou numa audiência aos paroquianos de Rho, uma paróquia de Milão, que estiveram em peregrinação ao Vaticano.
“Numa paróquia, bate-se à porta e, se não for a hora, diz-se: ‘Vai-te embora, o tempo acabou’. Uma vez, um pároco disse-me: “Apetece-me fechar as janelas com tijolos” – “Estás louco? – “Não, porque as pessoas vêm e se eu não chego à porta, batem às janelas”. As pessoas não se cansam de perguntar e chamar, e não nos devemos cansar de abrir portas e janelas”, acrescentou, perante um grupo animado que Francisco esperava receber há dois anos.
O Papa falou do entusiasmo já sentido quando contactou com o padre Michele Di Tolve, responsável pelas paróquias, e que os havia desafiado a irem ao seu encontro, constituindo uma realidade com gerações diferentes e complementares, de origens, serviços e dons, mostrando “o que é a Igreja”, referiu, “composta por muitos membros, todos servindo uns aos outros”; quando assim não é “cai na mundanização, cai no clericalismo, o que é uma coisa muito feia”, criticou.
Francisco recordou o seu desejo, partilhado na janela da Basílica de São Pedro, no dia 13 de março de 2013, data da sua eleição pontifícia, quando afirmou o desejo de caminhar com todos, “numa viagem de fraternidade, de amor, de confiança” porque, assinalou, “a fraternidade torna as pessoas mais livres e mais felizes”.
“O mundo não acaba com nós próprios, por favor! A comunidade não se faz em frente ao espelho, eu e o espelho, não! Só descobrimos verdadeiramente o mundo quando caminhamos juntos com os outros, dia após dia. É por isso que a paróquia é importante: porque é o lugar onde, seguindo Jesus, nos encontramos, nos conhecemos, nos enriquecemos uns aos outros, pessoas de diferentes gerações e diferentes condições culturais e sociais, todos com algo único para dar e receber”, assinalou.
O Papa lamentou o esquecimento dos outros e afirmou como consequência o limitar o “horizonte” e o lugar para a solidão, e enalteceu as atividades paroquiais desenvolvidas a pensar nas crianças, nos jovens, na “atenção aos pobres e aos mais pequenos, aos idosos e aos solitários, aos noivos e às famílias jovens”.
“O amor significa «alargar o círculo», construir a unidade em confiança e aceitação, trabalhar em conjunto e sempre à procura de semelhanças e oportunidades para construir comunidade, em vez de razões de divisão. Respeitar as diferenças”, indicou.
Francisco alertou ainda para a “tagarelice”, “um grande inimigo nas paróquias”, e pediu aos peregrinos para continuarem a “avançar”, passando “o bastão” aos jovens.
“Dai-o enriquecido com o vosso empenho e o vosso testemunho. E vós, jovens, não tenhais medo de falar com os mais velhos! Ide falar, discuti, ide ouvir os velhos, porque eles vos darão força, tirando-vos da sua história, para que possais avançar, vós que sois jovens agora. Isto não significa olhar sempre para trás, não. Vá ter com os velhos, fale, mas olhe para a frente, para o horizonte. É importante que os jovens conheçam os velhos e falem com os velhos”, pediu.
LS