Documento incentiva participação ativa na vida política, no âmbito das eleições para o Parlamento Europeu, a 9 de junho
Lisboa, 19 abr 2024 (Ecclesia) – A plataforma juvenil da Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia elaborou um guia prático, com vista às eleições europeias 2024, que “pretende encorajar os jovens a votar”, relembrando-lhes da “responsabilidade de participar na vida política como cidadãos e cristãos”.
“A criação deste guia prático foi motivada pelo desejo das organizações de ajudar os seus membros, e todos os jovens católicos espalhados pela Europa a navegar no contexto, por vezes pouco claro, das próximas eleições europeias, em junho de 2024”, pode ler-se na introdução.
O documento visa ainda “destacar as importantes dimensões da Doutrina Social da Igreja e fornecer informações úteis e práticas sobre o processo eleitoral, tanto para os jovens que votam pela primeira vez como para outros que querem redescobrir as razões da sua participação política”.
O guia prático é composto por algumas citações do Papa Bento XVI e Francisco, alguns pensamentos sobre a razão de os cristãos, através da visão da Doutrina Social da Igreja, estarem envolvidos em processos democráticos e de se envolverem ativamente na política e na sociedade, e no final de cada secção surgem perguntas que convidam a uma reflexão pessoal.
As cinco secções oferecem algumas orientações para os jovens em relação à “Política”, “Cidadania”, “Bem Comum e casa comum”, a “UE: Comunidade e pertença” e, por último, “Pensamento Crítico”.
Na área dedicada à política, a rede de jovens da COMECE afirma que a política não pode ser vista “como lugar de conflitos, de ambições ou mesmo de corrupção”.
“Devemos antes ver a política como um espaço onde tentamos expressar coletivamente o amor de Deus por todos e não apenas pelos que nos são mais próximos”, indica.
No que respeita à cidadania, o documento reforça que “entre os vários direitos e deveres dos cidadãos, participar na vida democrática é um deles”.
“Se fizermos isto participando nas eleições, estamos a expressar este direito e dever, algo que a Igreja Católica nos vai recordando (cf. Gaudium et spes)”, salienta.
A rede de jovens da COMECE fala que “as tendências de redução da participação eleitoral na Europa e a nível global mostram como os cidadãos, especialmente os jovens, se podem estar a sentir descapacitados e desligados da vida política”.
“Nós, cristãos, somos chamados a participar na sociedade e também a encorajar outros a fazê-lo de forma criativa, encontrando novas formas de participação política e os desafios existentes nas nossas comunidades e regiões na União Europeia”, destaca.
O documento salienta também que “as eleições europeias são cruciais para a definição de políticas que têm impacto direto na nossa casa comum.
Na secção dedicada ao Bem comum e casa comum, a plataforma juvenil da COMECE escreve que “a gestão ambiental e a ação climática não são apenas preocupações contemporâneas, mas também parte integrante” do dever cristão, “especialmente no contexto de uma tripla crise planetária, de injustiça global, de consumo excessivo e de extrativismo maciço”.
“Ao participar no processo democrático, os jovens cristãos podem desempenhar um papel vital para tornar as políticas mais justas e igualitárias, para priorizar o Bem Comum, o desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente, a nossa casa comum e o bem-estar das gerações futuras”, realça.
Na secção “UE: Comunidade e pertença”, a rede de jovens da COMECE impele os jovens cristãos a contribuir para o projeto europeu “redescobrindo o sentido de pertença a uma comunidade europeia de solidariedade, que dê espaço ao diálogo sincero, respeitoso e construtivo, onde a autoridade e o poder são vividos como um serviço para promover uma cultura de paz”.
Esta é a Europa que permite que os jovens viajem, estudem, trabalhem e se encontrem sem fronteiras”
“O que é que a UE significa para mim? Sinto-me um cidadão europeu? Se não, porquê? O que deve mudar? Como posso contribuir concretamente para o projeto europeu?”, questiona.
O documento aborda ainda que “no contexto da Doutrina Social da Igreja, o pensamento crítico e a reflexão ao participar na vida democrática são essenciais para dirigir a ação política para o Bem Comum”.
“O crescimento da desinformação e das notícias falsas exige uma atenção renovada ao nosso uso das redes sociais e das ferramentas digitais de comunicação, para combater narrativas desagregadoras e permitir a reconciliação e a paz nas nossas sociedades”, alerta a rede de jovens da COMECE.
“Como cristãos, numa Europa cada vez mais secular, polarizada e ideológica, somos chamados a tomar consciência de tais tendências e a trabalhar em conjunto”, acrescenta.
O guia prático abrange ainda informações sobre como os jovens podem votar nos países de origem nas eleições europeias de 2024, que vão decorrer nos vários Estados-membros; em Portugal, a votação decorre a 9 de junho.
LJ/OC
