«Podemos inspirar-nos pelo trabalho que é feito aqui», disse o cardeal sueco Andreas Arborelius sobre o papel das instituições católicas no país
Lisboa, 25 jan 2018 (Ecclesia) – O Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) elegeu novos membros para o setor da Pastoral Social, e a primeira reunião do organismo teve lugar esta quarta-feira em Portugal, no Colégio Ramalhão, em Sintra.
No nosso país, para este encontro de lançamento de 2018, estiveram o arcebispo Giampaolo Crepaldi, bispo de Trieste e presidente da comissão; o cardeal Andreas Arborelius, bispo de Estocolmo e responsável pelo setor das Migrações; e D. Angelo Massafra, arcebispo de Scutari e detentor da pasta do Cuidado da Criação.
A comitiva contou com a presença dos padres Luís Okulik, secretário da referida comissão, e Martin Michalick, vice-secretário geral do CCEE; e do sacerdote português Duarte da Cunha, secretário-geral do CCEE.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o cardeal Andreas Arborelius sublinhou o empenho desta comissão em afirmar-se como porta-voz das aspirações dos países e das comunidades católicas da zona euro, e abordou em concreto o Fórum Económico Mundial que está a decorrer em Davos, na Suíça.
“Esperamos que este encontro possa fazer alguma coisa para reduzir a distância entre ricos e pobres e para dar uma perspetiva de futuro a quem mais precisa”, sustentou o bispo de Estocolmo.
D. Andreas Arborelius é o primeiro cardeal da Igreja Católica na Suécia (país de maioria luterana), criado em junho de 2017 pelo Papa Francisco.
Aquele responsável destacou a importância da “participação” das instituições católicas na construção de uma sociedade mais justa e solidária, contrariando a atual matriz “individualista materialista”.
Durante a sua presença no nosso país, os membros da Comissão de Pastoral Social do CCEE tiveram oportunidade de visitar as zonas de Pedrógão Grande e Castanheira de Pera, duas das regiões mais afetadas pelos incêndios em 2017 (ver peça à parte).
Os bispos europeus foram informados sobre o andamento dos projetos de reconstrução de habitações, e de apoio económico, que estão a ser levados a cabo junto das comunidades e famílias mais carenciadas, sob a coordenação da Cáritas Diocesana de Coimbra.
“Para nós que somos provenientes de países onde o catolicismo é uma minoria, não temos tantas possibilidades de ajudar, mas podemos inspirar-nos pelo que é feito por exemplo aqui em Portugal”, considerou D. Andreas Arborelius.
A Comissão de Pastoral Social do CCEE tem como objetivo a coordenação de três grandes áreas de trabalho, dentro dos episcopados da Europa: as questões sociais, as migrações e a salvaguarda da criação.
E buscar aí linhas comuns de reflexão, de aprofundamento das problemáticas mais urgentes.
“Pareceu-nos importante vir visitar as zonas mais afetadas pelos incêndios em Portugal, e conhecer mais diretamente a situação de uma população tão fustigada nos últimos meses. E perceber como é que os organismos católicos, em particular a Cáritas, procuraram defrontar esta situação”, explicou o padre Luís Okulik, secretário da comissão.
Confrontado com as dúvidas que têm surgido relacionadas com o uso dos recursos financeiros, por parte das instituições sociais, aquele responsável frisou que “a transparência é sempre importante quando em causa está a administração dos bens públicos”, neste caso dos “donativos” das comunidades.
“É de saudar que se tomem todas as medidas possíveis para garantir esta transparência, que é uma maneira de tornar também mais efetiva a ajuda que se presta a quem tem necessidade”, completou.
A nova composição da Comissão Pastoral vai marcar presença na próxima assembleia plenária do CCEE, que está marcada para a cidade de Poznan, na Polónia, entre 13 e 19 de setembro.
JCP