Cidade do Vaticano, 09 set 2022 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano espera que o acordo assinado com a China, sobre a nomeação de Bispos naquele país, possa ser renovado, tendo confirmado a visita de uma delegação da Santa Sé ao país asiático.
“O caminho das nossas relações passou por muitas dificuldades, mas ainda há muita estrada a ser percorrida com paciência, e ir em frente, passo a passo, para ver germinar as sementes, plantadas apesar das adversidades do tempo”, disse o cardeal Pietro Parolin, sobre a visita da delegação da Santa Sé à China, à televisão italiana RAI.
O Acordo Provisório sobre a nomeação de bispos foi assumido em Pequim, a 22 de setembro de 2018, entrou em vigor um mês depois, é renovado a cada dois anos; a primeira renovação foi anunciada a 22 de outubro de 2020 e foi o primeiro do género assinado entre as duas partes.
“Ao fazer acordos com alguém, deve-se sempre partir do conhecimento da sua boa-fé, caso contrário, a negociação não tem sentido”, assinalou o secretário de Estado do Vaticano, no dia 2 de setembro.
Numa entrevista, divulgada a 5 de julho, o Papa disse que o Acordo Provisório “está a avançar bem”, e esperava que “em outubro possa ser renovado”.
“A diplomacia é a arte do possível e de fazer coisas para que o possível se torne uma realidade”, observou Francisco, à agência Reuters.
Desde a assinatura do acordo entre o Vaticano e o governo Chinês foram nomeados seis novos bispos, e foi regularizada a situação de sete bispos que tinham sido ordenados antes de 2018, sem a aprovação da Santa Sé.
As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan.
Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé [Associação Patriótica Chinesa, APC] e, em seguida, reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) se estabeleceu depois da expulsão da China.
A APC seria criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade direta do Papa.
O acordo entre a Santa Sé e a República Popular da China visa regularizar o estatuto da Igreja Católica neste país; Pequim exige que sacerdotes e bispos se registem oficialmente junto das autoridades civis.
CB