Escolas Católicas reúnem professores em formação sobre «Ensinar o ofício de aprender»
Fátima, 28 jun 2019 (Ecclesia) – O pedagogo espanhol Miguel Ángel Santos Guerra disse hoje que a escola “é um espaço de instrução, de socialização” e tem de “dar critérios” aos alunos para discernirem o conhecimento, no Colégio de São Miguel, em Fátima.
“Hoje o que é pedido à escola é a de dar critérios para que os alunos possam discernir que tipo de conhecimento tem diante de si e que influências estão por detrás dele”, explicou o formador, esta manhã, na jornada da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC).
Na informação enviada à Agência ECCLESIA, Miguel Ángel Santos Guerra disse que o lugar da escola deve ser “onde se constrói a sociedade” e não apenas onde “se depositam crianças para que aprendam um conjunto de conhecimentos”.
“A escola é um espaço de instrução, de socialização, que tem de ser capaz de se distanciar de um mero doutrinamento”, acrescentou, em intervenção divulgada pelo portal ‘Educris’, do Secretariado Nacional da Educação Cristã.
Aos mais de 250 professores e diretores das Escolas Católicas, o pedagogo salientou que os princípios da sociedade atual “colocam grandes desafios” e incentivou as instituições a “reajustarem” as suas funções “para além da simples instrução do conhecimento”.
Segundo Miguel Ángel Santos Guerra, a escola “deve ser contracultura”, “perante o modelo social neoliberal, e o segredo para o futuro da Europa passa “pela escola enquanto motor da transformação”.
“A sociedade muda com a educação, já o afirmava Nelson Mandela. Só o poderá ser se lá existir mais do que instrução. São os cidadãos que de lá saem que vão desenvolver, transformar e governar a sociedade, é fundamental ajudá-los a pensar criticamente para que sejam capazes de construir uma sociedade mais justa e mais solidária. De contrário voltaremos à lei da selva”, desenvolveu.
‘Ensinar o ofício de aprender’ foi o tema da formação onde o autor de livros sobre educação pediu aos professores para “saírem das certezas” das suas formações de base e passarem a “uma atitude de incerteza, fundamental para melhorar as práticas letivas”.
A partir da sua experiência, Miguel Ángel Santos Guerra disse que o desafio é a “melhoria de práticas” que tem de “despertar” nos alunos “o desejo de aprender” que acontece quando conseguem “despertar o amor, por determinada verdade ou conhecimento, nos alunos”.
“Sem amor não podemos fazer nada. Podemos debitar matérias muito valorosas mas se o outro que está diante de nós não está enamorado nunca vai aprender”, salientou, convidando os docentes a serem “autocríticos” e a convocarem “os alunos a esta capacidade de olhar critico sobre a realidade”.
Na formação, promovida pela APEC e pelo Colégio de São Miguel, o conferencista destacou a necessidade de uma “seleção muito clara” dos profissionais que “vão formar as novas gerações”.
“A mentalidade ainda persiste, pensou-se que ia para professor quem não sabia fazer mais nada. Isto é um problema porque se deteriora o valor e a complexidade da tarefa educativa”, acrescentou, referindo que é necessário estar atento à “seleção, formação e a organização das escolas” e “não se pode continuar a dar tão pouca estabilidade ao corpo docente” para desenvolver projetos.
‘A avaliação como aprendizagem’ é o tema do workshop que reúne os professores esta tarde e que está a ser orientado por Miguel Ángel Santos Guerra.
CB/OC