A Igreja Católica em Angola vai realizar no próximo mês de Março o II Congresso Pro Pace, sob o lema “Construtores de Democracia”, tendo como pano de fundo a preparação das próximas eleições. “O objectivo é preparar um ambiente de confiança para as eleições e também para que as eleições se realizem de uma forma transparente, sem dar ocasião à desconfiança e à contestação” afirmou ao jornal católico “O Apostolado” D. Francisco da Mata Mourisca, presidente do Movimento Pro Pace. O bispo do Uíje alerta para o facto de o povo ainda não ter esquecido a experiência de 1992 e em consequência haver o risco de uma grande abstenção. “Para que isso não aconteça, é bom inspirar confiança ao povo, educá-lo para as eleições, numa caminhada democrática. E é neste clima que se insere o congresso”, explica. Para o prelado, a maior dificuldade na preparação das próximas eleições reside no acesso às populações. “As eleições, para serem livres e justas, devem ser esclarecidas, e para esclarecer o povo é preciso que haja possibilidade de acesso. A solução é abrir a porta a uma comunicação social democrática e aberta”, defende D. Francisco da Mata Mourisca. O Congresso vai trazer a Angola o Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, que apresentará uma mensagem ao Congresso e vai presidir à Eucaristia de encerramento. O Cardeal Martino foi observador da Santa Sé nas Nações Unidas entre 1986 e 2002. Aníbal Cavaco Silva, antigo primeiro-ministro de Portugal, apresentará o tema “Democracia e Desenvolvimento”. Na abertura do Congresso, serão oradores o Arcebispo de Luanda, D. Damião Franklin e o Cardeal Alexandre do Nascimento. O Movimento Pro Pace surgiu em Angola em 2000, presidido por D. Francisco da Mata Mourisca, e realizou nesse ano um Congresso que terminou com um apelo para o cessar-fogo entre a UNITA e o MPLA, apontando o diálogo como a via para o fim do conflito.