Igreja e darwinismo em (des)encontro

Congresso Internacional sobre a «evolução biológica» conclui-se este Sábado, no Vaticano Conclui-se esta Sábado, no Vaticano, a Conferência Internacional sobre o tema «Evolução Biológica: factos e teorias. Uma avaliação crítica 150 anos depois de “A origem das espécies”». 200 anos depois do nascimento de Charles Darwin (12 de Fevereiro de 1809) e 150 anos após a sua mais famosa obra, a “Origem das espécies”, a Igreja procura encontrar caminhos de diálogo, desmontando preconceitos e falsas posições que lhe são atribuídas nesta matéria. A iniciativa é organizada pelo Universidade Pontifícia Gregoriana, em colaboração com a Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos da América, sob o patrocínio do Conselho Pontifício da Cultura no âmbito do projecto Ciência, Teologia e missão ontológica (STOQ – Science, Theology and the Ontological Quest). Gennaro Auletta, director científico do STOQ e vice-director da Conferência Internacional, diz ao jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, que o tema da biologia evolucionista merece uma “séria reconsideração”, em virtude de recentes descobertas científicas. A ideia é aliar ciência, filosofia e teologia para superar posições e polémicas “ideológicas” que animam mais do que nunca este debate, marcado por “instrumentalizações” que desembocam ora num evolucionismo metafísico antireligioso ou num extremismo fundamentalista que leva ao criacionismo. Presente no encontro está o teólogo português António Martins Alves. “Estamos num ambiente polémico de grande divergência de posições. Não será viável que a ciência, filosofia e teologia partilhem uma explicação comum [para a evolução da Vida], mas pode haver uma complementaridade e uma capacidade de escuta e por aí estamos à procura”, explica à RR este sacerdote. A evolução é interpretada como um passo no sentido da complexidade e da consciência, defendeu Ludovico Galleni, docente de zoologia e ética ambiental na Universidade de Pisa, intervindo Congresso Internacional. Apoiado no pensamento de Teilhard de Chardin, filósofo, teólogo e um dos mais eminentes paleontólogos do século XX, o relator considerou-o um “precursor de muitas questões contemporâneas na biologia evolutiva”, considerando “entender a biologia como a ciência da complexidade da vida e a biosfera como um assunto complexo a ser estudado para compreender plenamente os mecanismos de evolução”. Esta “nova perspectiva na biologia evolutiva”, para Galleni, surgiu de uma necessidade filosófica “para encontrar um lugar especial para a raça humana na natureza”. “A discussão actual sobre a evolução dos mamíferos no continente é um bom exemplo da validade da proposta de Teilhard”, acrescentou. A teses de Teilhard de Chardin, segundo Galleni, são uma prova de que “a evolução do universo e da vida não se baseia em leis exactamente determinadas que não deixam qualquer margem para a acção livre das criaturas. A mudança é baseada em mecanismos complexos, nos quais o pensamento oferece as melhores condições para o seu livre agir”.

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