Igreja e Comunicação: «chip» tem de mudar

Espanhol José Manuel Vidal defende maior aposta numa linguagem clara, directa e mais sedutora José Manuel Vidal, jornalista responsável pela informação religiosa do “El Mundo” e director de www.religiondigital.com, passou por Portugal para um encontro com jornalistas da área da informação religiosa, defendendo a necessidade de mudar o “chip” com que a Igreja aborda o mundo da comunicação. “Isto significa modernizar-se, admitir as leis da comunicação que a Igreja não pode continuar a ignorar ou querer mudar, terá de submeter-se a elas”, assegura. Na prática, José Manuel Vidal espera “Bispos prontos para responder a qualquer pergunta em qualquer altura, para transmitir mensagens claras, directas, sedutoras”. Este responsável afirma que a oportunidade de entrar no mundo mediático tem sido oferecida à Igreja “quase por obrigação, porque tinha de ser assim”. As coisas mudaram e agora há necessidade de “fazer um esforço”. “Para encontrar um espaço nos media é preciso ir à sua procura, ganha-lo, e para isso é necessário preparar-se e preparar pessoas que saibam comunicar, sem problemas, com naturalidade”, afirma. O director de www.religiondigital.com, um espaço que roça os dois milhões de consultas por mês, diz que os próprios Bispos devem “gastar tempo com isto”, comparando o impacto que tem uma Nota ou um documento que implica um grande esforço na sua elaboração e só chega “a quem já está convencido”, ao impacto de uma mensagem “curta, agradável, directa” divulgada através dos novos meios de comunicação. “Poderia chegar a milhares, a milhões de pessoas e é isso que é preciso fazer”, aponta. José Manuel Vidal admite, por outro lado, que “os meios de comunicação também têm de mudar o chip, porque a respeito da temática religiosa há muita ignorância e desinformação”. Tal como em Espanha há jornalistas especializados nas questões da Monarquia, da Casa Real, o director de “ReligionDigital” defende que “quem informa sobre a Conferência Episcopal, sobre a Igreja, tem de ter uma preparação muito séria, tanto em teologia como na história e na actualidade da Igreja, saber quem são as pessoas que têm voz e voto”. “Os jornalistas também se devem habituar a ver na Igreja uma proposta social importante, interessante, de valores e que pode fazer muito bem à sociedade, que não pode prescindir dessa mensagem positiva”, observa, que inclui temas como amor, liberdade, solidariedade. Apesar de ter chegado tarde à “galáxia Internet”, nota-se um esforço da Igreja em recuperar o tempo perdido, ainda que muitas páginas sejam “muito más”. A Igreja tem de saber que “a Internet é já o presente, não o futuro”, apesar do “gosto pela tinta” que ainda têm a maioria dos Bispos. O Papa deu um exemplo relevante, com a entrada no YouTube, que deveria ser seguido pelas figuras mais relevantes do mundo católico, atira José Manuel Vidal. Notícias relacionadas • Mais presença religiosa no debate público

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top