Família foi acolhida há dois anos em Portugal e faz caminho na fé católica
Braga, 22 out 2021 (Ecclesia) – Duas crianças refugiadas, de oito e dois anos, que foram acolhidas com a sua família em Portugal, vão ser batizadas este sábado, na paróquia de São Vítor, Arquidiocese de Braga.
Helena Pina Vaz, diretora do Colégio Luso Internacional de Braga, parceira da Plataforma de Apoio aos Refugiados, acolheu esta família no âmbito do programa de acolhimento e tem sido a “ponte” com a paróquia.
“Quando chegou aqui a Braga, esta mãe de 24 anos, vinha assustada, quase paralisada, e não falava, foi vítima de violência a vida toda, vinha com o companheiro e o filho de dois anos e meio mas percebemos que havia mais três filhos que tinham ficado nos Camarões”, explica à Agência ECCLESIA.
A entrevistada não desistiu de trazer as outras crianças e, “através de um salvo conduto passado por um embaixador”, foi possível as três crianças chegarem a Portugal no fim de julho, depois de cinco anos sem verem a mãe (o pai já tinha falecido).
“Nadege é uma mãe muito madura, pelas pancadas da vida, tem grandes capacidades intelectuais e pensa muito sobre as coisas, na fase de espera pelos outros filhos, falámos muito de religião e oração, era protestante e um dia disse-me que os filhos mais velhos tinham sido batizados pela avó, mas que queria também batizar os outros dois meninos”, partilha.
Ao perceber as raízes cristãs da família, Helena Pina Vaz aceitou o “pedido para tratar de tudo” para os batismos dos mais novos e procurou a ajuda da sua paróquia, São Vitor, em Braga, “que os acolheu desde o início”.
“Fui contactada em julho de 2019 para acolher uma família que tinha sido resgatada num barco, a fugir da Líbia para a Europa, era a Nadege, o seu companheiro da altura e Franck, um bebé recém nascido”, recorda Helena Pina Vaz.
A família, natural dos Camarões, “fugiu por África” até chegar à Líbia, onde a mãe acabou por ser presa, grávida; foi alvo de violência e acabaria por ter um filho na prisão.
Helena Pina Vaz sabe que depois “o pai do menino pagou o resgate” e todos conseguiram fugir, sendo resgatados no mar; atualmente o casal está separado, “mas dão-se bem, os dois autónomos e a trabalhar”.
O batismo de Franck, de dois anos e meio, e de Joanne, de oito anos, vai acontecer este sábado, numa celebração simples, em francês.
“Como comunidade paroquial não acolhemos refugiados, mas este momento da entrada destas crianças na vida cristã, deve inquietar a comunidade”, indica o pároco local à Agência ECCLESIA.
O padre Sérgio Torres concordou com o acompanhamento e integração na paróquia, realçando que “apesar de não perceberem totalmente o alcance e a riqueza do sacramento”, este é o “início de um caminho”.
“Os miúdos vão tentar inserir-se nos escuteiros e nos grupos de jovens, o mais velhinho que vai ser batizado fará caminho para a primeira comunhão”, acrescentou.
O sacerdote referiu ainda que a “paróquia ainda não é muito ativa nem missionária, como o Papa Francisco pede”, mas deseja que haja “mais capacidade de acolher as pessoas”, pelo que este momento pode ser importante.
SN