Igreja desafiada a olhar mais para o digital

Início dos trabalhos das Jornadas de Comunicações Sociais, em Fátima Um desafio para que a Igreja olhe com mais atenção para as potencialidades do mundo digital marcou o início dos trabalhos das Jornadas Nacionais das Comunicações em Fátima, dedicadas ao tema do “Evangelho Digital”. D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal responsável pela área das Comunicações Sociais, destacou a importância da reflexão sobre o tema do Evangelho digital, a “componente informática da comunicação”. Depois de afirmar que o Cristianismo é essencialmente uma “comunicação realizada”, o Bispo do Porto indicou que actualmente a “reconfiguração comunitária da evangelização” é a grande tarefa pastoral da Igreja nos nossos dias. Numa primeira conferência, dedicada ao “Panorama Digital em Portugal”, Pedro Janela, sócio e director da BY, começou por frisar que “o digital não tem fronteiras”. Segundo este especialista, a Igreja não pode estar “três passos atrás da sociedade” quando se fala da Internet, num momento em que as camadas mais jovens não querem saber da televisão, querem “comunicar uns com os outros”. Neste “mundo novo” do panorama digital, a presença da Internet é cada vez mais relevante, “uma onda que não vai parar” depois do “fecho de um ciclo” que passou por várias fases – informação, catalogação, transacção, partilha e relacionamento – em menos de 15 anos. “É aqui que as pessoas estão atentas, a querer interagir, de um para um e não de um para muitos”, afirmou. Pedro Janela afirmou que a próxima vaga será “a mobilidade”, permitindo fazer tudo o que fazemos hoje no PC num telemóvel. “A Igreja ficou em 2003”, defende, assinalando que “é preciso fazer mais”. “Não há relacionamento, que é a palavra-chave”, lamentou, frisando que é preciso passar da informação para a interacção. Esta interacção pode passar por aconselhamento online, catequese (elearning), podcasts e videocasts ou redes de amigos católicos. Rogério Santos, professor da UCP, falou da passagem de “um emissor para múltiplos receptores” para um cenário de “múltiplos emissores para múltiplos receptores”. A chegada de uma “pós-televisão”, em que esta é a “televisão da intimidade” e a crescente digitalização, trazem novos conceitos, oportunidades e ameaças. Neste contexto ganham destaque as multiplataformas, a criação de blogues, os novos consumos e audiências, a precariedade de trabalho, o aumento do consumo da Internet e a quebra dos consumos de jornais e rádio. Dado que os media mais clássicos perdem audiência para a Internet, a Igreja precisa de apostar na “formação em novas tecnologias”, “nos novos media”, no “uso das redes sociais”, para além da presença nos blogues e no Youtube, por exemplo. Fotos: Agência Ecclesia/TV Fátima

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